Enquanto países europeus apertam as restrições, alguns inclusive decretando lockdowns, as autoridades de Porto Alegre ainda duvidam de uma segunda onda por aqui. A Secretaria Municipal de Saúde entende que a forma como a curva de contágio se comportou na Capital deve evitar um novo pico muito agressivo.
A avaliação é de que, na Europa, tanto o fechamento quanto a reabertura das atividades na primeira onda foram radicais demais. Até poucos dias atrás, na Espanha e em Portugal, por exemplo, bares e restaurantes podiam funcionar madrugada adentro. Em Porto Alegre, não há permissão para isso há meses – o que, no entender da prefeitura, ajudou a minimizar as aglomerações noturnas.
Ou seja, a sensação de normalidade que, nos últimos meses, tomou conta de países europeus – com o retorno do turismo, o intenso movimento à noite e as pouquíssimas restrições no horário de funcionamento do comércio – não é considerada igual à experimentada pelos porto-alegrenses.
Outra questão é que, na Europa, houve um pico muito violento de infectados logo no início da pandemia, com o sistema de saúde entrando em colapso em várias cidades. A população, então, se isolou por semanas dentro de casa, e a curva de contágio acabou achatada abruptamente. Quando veio a reabertura, o percentual de pessoas imunes ao vírus ainda era muito pequeno – e isso teria, na avaliação da prefeitura de Porto Alegre, facilitado a segunda onda de contaminações.
Já por aqui, depois de um crescimento alarmante em junho, a cidade manteve uma estabilização no número de novos infectados – mas em um patamar elevado. Ou seja: havia bastante gente se contaminando, os leitos de UTI estavam quase todos ocupados, mas não a ponto de colapsar o sistema de saúde. Essa quantidade de infectados teria sido suficiente para gerar uma boa taxa de pessoas imunes ao vírus na capital gaúcha.
O que preocupa a Secretaria Municipal de Saúde é a duração da imunidade, algo ainda desconhecido. Se a imunidade se mantiver durante meses após a contaminação, a possibilidade de uma segunda onda em Porto Alegre, conforme a prefeitura, seria pequena.