Paulo Germano

Paulo Germano

Jornalista formado pela PUCRS, está em ZH desde 2006, mas foi em 2015 que se tornou colunista do jornal. Antes, atuou nas áreas de política, geral, cultura e esportes. É comentarista da RBS TV. Já venceu o Prêmio Petrobras de Jornalismo e foi finalista do Prêmio Esso. PG, como é chamado, escreve sobre vida real.

Futuro do vírus

Por que Porto Alegre pode ser diferente da Europa na segunda onda da pandemia

Avaliação da Secretaria Municipal de Saúde é de que a curva de contágio se comportou de outra maneira na capital gaúcha

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Enquanto países europeus apertam as restrições, alguns inclusive decretando lockdowns, as autoridades de Porto Alegre ainda duvidam de uma segunda onda por aqui. A Secretaria Municipal de Saúde entende que a forma como a curva de contágio se comportou na Capital deve evitar um novo pico muito agressivo.

A avaliação é de que, na Europa, tanto o fechamento quanto a reabertura das atividades na primeira onda foram radicais demais. Até poucos dias atrás, na Espanha e em Portugal, por exemplo, bares e restaurantes podiam funcionar madrugada adentro. Em Porto Alegre, não há permissão para isso há meses – o que, no entender da prefeitura, ajudou a minimizar as aglomerações noturnas.

Ou seja, a sensação de normalidade que, nos últimos meses, tomou conta de países europeus – com o retorno do turismo, o intenso movimento à noite e as pouquíssimas restrições no horário de funcionamento do comércio – não é considerada igual à experimentada pelos porto-alegrenses.

Outra questão é que, na Europa, houve um pico muito violento de infectados logo no início da pandemia, com o sistema de saúde entrando em colapso em várias cidades. A população, então, se isolou por semanas dentro de casa, e a curva de contágio acabou achatada abruptamente. Quando veio a reabertura, o percentual de pessoas imunes ao vírus ainda era muito pequeno – e isso teria, na avaliação da prefeitura de Porto Alegre, facilitado a segunda onda de contaminações.

Já por aqui, depois de um crescimento alarmante em junho, a cidade manteve uma estabilização no número de novos infectados – mas em um patamar elevado. Ou seja: havia bastante gente se contaminando, os leitos de UTI estavam quase todos ocupados, mas não a ponto de colapsar o sistema de saúde. Essa quantidade de infectados teria sido suficiente para gerar uma boa taxa de pessoas imunes ao vírus na capital gaúcha.

O que preocupa a Secretaria Municipal de Saúde é a duração da imunidade, algo ainda desconhecido. Se a imunidade se mantiver durante meses após a contaminação, a possibilidade de uma segunda onda em Porto Alegre, conforme a prefeitura, seria pequena.

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