Você pode não saber, mas provavelmente falou com um chatbot recentemente. Chatbots são sistemas de conversa automatizados, capazes de simular conversas como se fossem gente. A Siri, sua assistente virtual, é um chatbot, e quando você liga para o atendimento telefônico, lá está um chatbot. Chatbots são cada vez mais versáteis e diversificados. Já existem chatbots feministas, como a Beta do Nossas Cidades, e até bots com personalidade, como a Lu, da Magazine Luiza, que no Dia dos Namorados decidiu gostar de meninos e meninas .
Há chatbots, inclusive, que estão competindo por empregos. O Lark é um chatbot enfermeiro. Ele se conecta a sensores biométricos e acompanha o dia a dia do paciente. Qualquer alteração nos batimentos cardíacos, e ele te chama para uma conversa. Já o Mona é um chatbot do mundo da moda. Ele varre a internet em busca de promoções e descobre o que você quer, como um consultor de vendas pessoal faria. E é capaz de revelar o preço de um objeto de desejo, que você viu em algum lugar .
Sempre foi possível falar com as máquinas, mas agora a experiência de interatividade está mais agradável. Como os processadores de celular são melhores, é possível que qualquer aparelho transcreva sua voz. Com os avanços na inteligência artificial, as máquinas compreendem cada vez melhor nossa forma de pensar. Empresas de turismo, academias e restaurantes já começaram a usar chatbots para falar com seus consumidores. Em breve, mais e mais aplicativos terão menos botões para clicar e mais canais para você falar o que deseja .
No setor público, a inovação também acontece. No governo de São Paulo, o Poupinha é um serviço de atendimento ao cidadão que, em quatro meses de teste, atendeu a 13 milhões de pessoas. Hoje, ele fala diariamente com 180 mil. Na China, 500 milhões de pessoas falam, por dia, com o iFlytek, um dos chatbots mais usados lá. Isso sem falar na interação entre chatbots e o mercado de Internet das Coisas. Para crianças, existem espelhos mágicos e carros que respondem o que elas quiserem. Para adultos, as televisões inteligentes respondem ao comando de voz e podem sugerir o que assistir na sequência.
O potencial dos chatbots é imenso, mas há um problema pela frente: como proteger os dados pessoais, sensíveis e biométricos, que estamos compartilhando com esses chatbots? Essa questão é especialmente relevante no Brasil, por ainda não ter sido aprovada uma Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais.
Sempre foi possível falar com máquinas, mas agora a experiência está mais agradável
Já sabemos, por exemplo, que a Samsung lançou uma smart TV que grava o som ambiente a todo momento e que uma boneca Barbie estuda o comportamento das crianças ao interagir com elas pela fala. O melhor da inovação dos chatbots está vindo aí e em velocidade acelerada. Se não reagirmos, vamos ficar para trás na regulação de dados pessoais no país.