A francesa tem a reputação de mulher elegante e esbelta. Mas, em relação à segunda característica, a norma é evitar exageros. A partir de 1° de janeiro, entra em vigor na França a lei que torna obrigatória a menção "foto retocada" em certas imagens publicitárias. Pelo menos, aquelas em "que a aparência corporal foi modificada por um programa de tratamento de imagem para afinar ou espessar a silhueta do modelo". O decreto impõe ainda a exigência de um certificado médico atestando que "o estado de saúde do modelo, avaliado principalmente em função de seu índice de massa corporal, é compatível com o exercício da profissão". A legislação espera deste modo reforçar a luta contra a anorexia e o diktat da excessiva magreza de modelos. Quem burlar a lei corre o risco de uma multa de 37,5 mil euros, podendo alcançar até 30% do orçamento consagrado à campanha publicitária. Segundo os dados mais recentes do Instituto Nacional da Saúde e da Pesquisa Médica (Inserm), a anorexia atinge 1,5% da população feminina, entre 15 e 35 anos, na França, correspondente a 230 mil mulheres. Entre 5% e 10% dos anoréxicos no país cometem ou tentam cometer suicídio.
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RATOS E HOMENS
Rémy é aquele simpático ratinho parisiense que, no filme de desenho animado Ratatouille, sonha em ser chef de cozinha. Na vida real, no entanto, os ratos se tornaram um tema de preocupação para as autoridades da capital francesa. Nos últimos meses, a rataria aumentou em número significativo em certas áreas, mais especificamente em nove parques da cidade e no subsolo da Torre Eiffel.
O parque que acolhe a Torre Saint-Jacques, no centro, teve de ser interditado, e a rua de Rivoli se viu invadida pelos pequenos roedores. Outros locais, como o Champs-Mars, têm sofrido fechamentos parciais. O médico Georges Salines, chefe dos serviços de saúde do meio ambiente de Paris, garantiu que os ratos não representam uma "ameaça sanitária":
– Não há risco de doença ou de peste, que os parisienses fiquem tranquilos. Mas são problemas de higiene e também um verdadeiro transtorno visual e psicológico. Estamos confrontando um novo desafio. As lixeiras são também pensadas para a luta contra o terrorismo (de sacos plásticos, transparentes, para evitar que acolham bombas). Mas os ratos podem muito facilmente alcançar seu conteúdo. E teremos de repensar todos os nossos espaços verdes.
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SEMPRE AOS DOMINGOS
A quizila entre defensores e opositores da abertura do comércio aos domingos em Paris persiste. Mas a Avenida Montaigne, nos arredores dos Champs-Élysées, célebre por suas numerosas butiques de luxo, parece ter vencido uma batalha. Integrada a uma das 12 zonas de turismo internacional, criadas por lei em 2015, a via poderá abrir as portas de suas lojas em todos os domingos a partir de 1° de janeiro de 2017. Curiosa foi a justificativa de Jean-Claude Cathalan, presidente do Comitê Montaigne, que representa 70 butiques da avenida e também da Rua François 1er:
– Era algo muito importante. Nossos concorrentes, Londres ou Mônaco, estão abertos no domingo. Era impensável e insuportável que os clientes hospedados no Plaza Athenée encontrassem as lojas fechadas no domingo e fizessem uma ida e volta a Londres para compras.
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JULIEN SOREL SUPERSTAR
O clássico romance O vermelho e o negro, de Stendhal (1743-1842), ganhou uma versão ópera-rock nos palcos de Paris. A trágica odisseia do jovem apaixonado Julien Sorel, o personagem principal, é encenada, cantada e dançada por 16 atores-cantores, acompanhados de uma banda ao vivo e uma variedade de efeitos especiais, entre projeções e imagens 3D. O livro continua sendo incontornável, mas, para quem deseja apreciar a obra literária na forma lúdica, o espetáculo permanece em cartaz no
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NOVIDADES MODERNAS
O Palais de Tokyo, celebrado espaço de exibições de arte contemporânea em Paris, prepara duas importantes renovações. O local terá uma nova livraria a partir de março do ano que vem, em um espaço triplicado, de 450m2, concedido a dois nomes de referência do meio: Walter König, com mais de 40 pontos de venda em cidades da Europa, especialista em obras sobre arquitetura, design, moda, cinema e artes visuais; e Cahiers d’Art, editora com uma galeria e revista fundadas em 1926. Estão também previstas as inaugurações de um novo restaurante e bar de coquetéis, confiado à Quixotic Projects (que já possui os bares Candelaria, Glass, Mary Celeste e Hero na cidade). Mas, neste caso, a cultura vem antes da fome: os novos espaços de alimentação vão abrir em junho de 2017. Neste domingo, aliás, encerra-se a exposição Carta branca, do artista britânico Tino Sehgal, que vive em Berlim.