Conheço e adoro a Argentina. Adoro mesmo! Em especial, Buenos Aires, cidade onde morei num apartamento de Palermo, bem pertinho do Jardim Botânico. Eu era correspondente da Folha de S. Paulo e vivi, naquela cidade especialíssima, a minha mais maravilhosa experiência como jornalista. Algo que me marcou para sempre, tanto como ser humano como quanto profissional.
A respeito dos argentinos em geral: sempre me senti extremamente bem acolhido e tenho grandes amigos entre eles. Nenhum deles é racista - até porque eu jamais seria amigo de um racista, é importante que se diga.
Digo tudo isso porque jamais vou querer que se generalize algo tão grave. Situações de racismo têm se repetido, e isso é péssimo. Aliás, o fenômeno do avanço da intolerância é uma realidade, que vai do Bolsonaro ao Trump. Enquanto reduzirmos esse horror a uma bandeira ou a uma nacionalidade, não conseguiremos detê-lo. E é essencial que o detenhamos!
A propósito de generalizações e etiquetas abjetas, repeli-las é uma das atividades de que mais tenho me ocupado, até porque as deploro. Meus livros "Somos azuis, pretos e brancos" e "Coligay - Tricolor e de todas as cores" são gritos contra o preconceito e, também, contra a hipocrisia. Ufa...
Dito isso, faço um pedido: a Argentina tem muito menos negros que o Brasil. Talvez por isso, um jornal se julgue no direito de fazer trocadilhos com a cor da pele ou falar em "macaquitos". Talvez por isso, as pessoas se sintam à vontade para proferir injúrias raciais. Ontem à noite, foi a vez do treinador de goleiros do Racing, Juan Carlos Gambandé, que simulou estar descascando uma banana olhando para a torcida do Atlético-MG, que eliminou seu time da Libertadores.
No mesmo dia, a edição do jornal Olé deixara uma dúvida pairando no ar. Minha opinião é de que, mesmo que involuntário, foi um péssimo trocadilho. Leia aqui texto desta coluna, sobre esse assunto, publicado ontem.
Também nesta mesma coluna, recentemente, escrevi sobre a linda história da negritude na Argentina. É uma trajetória pouco conhecida. Vale a pena ler.
Mas falei num pedido. Qual é? É de que argentinos, brasileiros, os gremistas, os colorados, os flamenguistas, os corintianos, os cruzeirenses, os atleticanos, todos nós, nos unamos para combater a praga do racismo. O que esse sujeito fez é inadmissível. O que muita gente faz, corriqueiramente, em estádios de futebol, shoppings centers, escolas, universidades, empresas, é crime.
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Queridos amigos brasileros...
Quiero disculparme con ustedes por haber hecho un gesto inapropiado producto de la bronca acumulada por vuestros insultos constantes hacia los argentinos y las agreciones q sufrio nuestro publico en la tribuna visitante... Eso no justifica mi reaccion, espero acepten mis disculpas y deseo q disfruten su pasaje a cuartos...