Pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) corrobora o que já sabe qualquer pessoa que transita pelas castigadas estradas brasileiras, com seus buracos, más sinalizações e outros vícios por vezes mortais.
A precariedade da malha de transporte nacional, de acordo com a CNI, tem comprometido o potencial de exportação do Brasil com nove de seus 11 parceiros comerciais na América do Sul.
Por ano, US$ 1,5 bilhão em produtos manufaturados, como carros, têxteis e alimentos, deixa de entrar na conta de comércio com os países vizinhos em razão das péssimas condições de infraestrutura.
A situação não se resume às rodovias. Ferrovias (que deveriam existir em muito maior quantidade) e portos também estão em péssimas condições.
O relatório, cujo nome é "Desafios para a Integração Logística na América do Sul," calculou quanto do potencial exportador do Brasil tem sido frustrado pelas dificuldades de transporte. O cenário levou em conta a distância em relação a cada país sul-americano, o volume de produtos escoados por cada modal de transporte e, claro, o tamanho de seus mercados, que sinalizam o potencial.
Os dados mostram que as exportações para a Argentina, o principal parceiro comercial do Brasil na região, têm hoje desempenho 7% inferior à sua real capacidade por conta das rotas deterioradas de acesso entre os dois países.
No Peru e na Colômbia, essa frustração é de 5% do potencial pleno. A lista segue com Venezuela (4%), Chile (3%), Suriname (2%), Guiana, Paraguai e Uruguai, esses três últimos com restrição de 1% em seus desembarques potenciais.
Apenas Bolívia e Equador não apresentaram alterações.
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No ano passado, as exportações do Brasil para os outros países da América do Sul movimentaram
US$ 31,1 bilhões
e haviam sido de US$ 36,7 bilhões em 2014.Matheus Castro, especialista em política e indústria da CNI, define o cenário como "preocupante".
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- Priorizar projetos de infraestrutura para essa região é vital - diz ele, pedindo mais pragmatismo.
O relatório constata que só barreiras tarifárias e burocracia alfandegária são mais daninhas ao comércio do Brasil com os vizinhos. O nível das exportações e a arrecadação proveniente poderiam ser bem superiores.