Há exatamente 10 anos no cargo de presidente boliviano, desde 2006, Evo Morales reconheceu nesta quarta-feira a derrota no referendo que rejeitou sua intenção de se candidatar a um quarto mandato consecutivo - que iria de 2020 a 2025. Mas ressalvou com aquela frase pós-clichê: "A luta continua!"
- Respeitamos os resultados, isso faz parte da democracia – disse Evo, em entrevista coletiva no Palácio Quemado, em La Paz. - Perdemos a batalha, mas não perdemos a guerra. A luta continua!
O "Não" teve 51,3% dos votos contra 48,7% do "Sim".
Enquanto Evo reconhecia a derrota, a oposição comemorava nas ruas de cidades como La Paz e Santa Cruz.
Os analistas estão certos de que Evo foi derrotado em razão das acusações de que é alvo, de envolvimento em escândalos de corrupção, e também do desgaste natural.
A condução econômica da Bolívia seria motivo para Evo continuar. Além de ter diminuído a desigualdade social, o primeiro presidente indígena da Bolívia manteve um controle responsável das finanças. Paradoxalmente, ao mesmo tempo em que usa discurso típico bolivariano de rejeição ao "império" e se alinha a forças que se unem pelo único motivo de serem adversárias dos EUA, Evo é elogiado pelo FMI.
A confirmação oficial da vitória do "Não" a Evo veio na manhã de hoje, quando o Tribunal Superior Eleitoral da Bolívia havia apurado 99,49% das urnas.
Foi a primeira derrota eleitoral direta de Evo desde sua chegada ao poder.
Os resultados indicam: a rejeição a Evo ganhou em seis dos nove departamentos (Estados) do país -Potosí, Tarija, Chuquisaca, Santa Cruz, Beni e Pando. La Paz, Oruro e Cochabamba votaram a favor da continuidade do presidente.
Em sua conta no Twitter, o ex-presidente liberal Jorge Quiroga comemorou: "Bolívia diz NÃO ao autoritarismo. NÃO à corrupção. NÃO ao Chavismo. NÃO ao narcotráfico. NÃO ao desperdício".
A oposição fracionada tem, porém, um grande desafio pela frente: unir-se.