Uma nota pouco usual da Petrobras, divulgada nesta segunda-feira (26), chamou atenção para um contrato de exportação de petróleo fechado com a Índia, que prevê fornecimento de até 12 milhões de barris de petróleo da Petrobras para a Indian Oil Corporation (IOC), maior estatal de petróleo e gás indiana.
O número impressiona, embora a Índia já seja um dos três maiores importadores de petróleo do Brasil. No ano passado, comprou o equivalente a US$ 2,2 bilhões, só atrás de China (imbatíveis US$ 14,3 bilhões) e Estados Unidos (US$ 3,1 bilhões).
Potencialmente, é um contrato que corresponde à metade do valor negociado com a Índia em 2021. No mercado, o acordo é visto como uma forma de garantir um determinado volume, equivalente a 67 mil barris por dia, nos próximos seis meses. Para lembrar, a produção total de petróleo no Brasil em 2021 foi de 2,9 milhões de barris ao dia, o que significa cerca de 1 bilhão de barris ao ano.
Mais do que representar um momento de maior disputa por fornecimento de petróleo, que ainda é afetado pela guerra entre Rússia e Ucrânia, o contrato é uma forma de dar segurança para as duas partes, conforme fontes de mercado. Os valores dos contratos de exportação da Petrobras seguem a mesma lógica de sua Paridade de Preços de Importação (PPI) e usam como referência a cotação do petróleo tipo brent.
Nesta segunda-feira (26), o barril do brent tem novo recuo e voltou a ser cotado abaixo de US$ 90. No meio da manhã no Brasil, meio da tarde em Londres, é negociado por US$ 85, preço semelhante ao das vésperas da invasão da Rússia na Ucrânia, no dia 24 de fevereiro. Com base da forte queda de sexta-feira (23), o preço da gasolina no Brasil está 7% acima da referência, e o do diesel, 5%, conforme a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom).
A política de preços da Petrobras
Para reajustar o preço dos combustíveis nas refinarias, a Petrobras adota um cálculo chamado Paridade de Preços de Importação (PPI), adotado em 2016, no governo Temer. A intenção é evitar que a estatal acumule prejuízo com por não repassar aumentos de produtos que compra do Exterior, tanto petróleo cru quanto derivados, como a gasolina. A fórmula inclui quatro elementos: variação internacional do barril do petróleo — com base no tipo brent, que tem preço definido na bolsa de Londres —, cotação do dólar em reais, custos de transporte e uma margem definida pela companhia, que funciona como um seguro contra perdas.