O ataque da Rússia à Ucrânia provoca mudanças profundas na economia da Europa após apenas seis dias.
Além da adoção de sanções econômicas inéditas, alterou posições que se mantinham inalteradas desde o fim da Segunda Guerra Mundial, como o baixo orçamento militar da Alemanha e a até então inabalável neutralidade da Suíça.
Para a Alemanha tomar uma decisão histórica, bastaram apenas quatro dias. Ainda no domingo, o primeiro-ministro Olaf Scholz anunciou a decisão de triplicar o orçamento militar do país, rompendo a tradição de gastar pouco adotada depois de perder duas guerras mundiais consecutivas e ter sido a origem do nazismo.
Os gastos de "defesa" da Alemanha neste ano vão saltar dos 53,2 bilhões de euros feitos em 2021 para 150 bilhões de euros (R$ 871,2 bilhões). Além do volume, impressionou a velocidade: a intenção é aplicar 100 bilhões de euros a mais de forma imediata. A princípio, o reforço é restrito a este ano, mas gastos com equipamentos militares, obviamente, deixam forças mais armadas para além do ano-calendário.
Outra inflexão histórica foi protagonizada pela Suíça na segunda-feira (28), ao confirmar que vai aplicar todas as sanções econômicas adotadas pela União Europeia contra a Rússia. Ignazio Cassis, presidente da Confederação Helvética (nome do poder federal do país formado por cantões com alta autonomia), Ignazio Cassis, admitiu que foi "um grande passo para um país tradicionalmente neutro".
O movimento é tão importante quando o do Reino Unido, porque estes dois países são os principais destinos do dinheiro de oligarcas russos. A concentração de divisas com origem em rublos deu à famosa "city londrina" (apelido do sistema financeiro da capital britânica) o apelido de Londongrado. Sobre a Suíça, não é preciso explicar muito, o país é conhecido refúgio de dinheiro bem e mal-havido.
As sanções da Suíça significam o congelamento imediato de ativos das lista de pessoas e empresas consideradas "cúmplices de Putin", inclusive o presidente russo. O país ainda proibiu a entrada de cinco magnatas russos e ucranianos, "muito próximos de Vladimir Putin" e com "vínculos econômicos, sobretudo, nas finanças e no negócio de matérias-primas", conforme a ministra da Justiça, Karin Keller-Sutter.