O resultado positivo, mas não muito, do Indicador de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), reforça a percepção de que a recessão pode realmente ter ficado para trás. O dado do segundo trimestre veio positivo – avanço de 0,25% sobre o período entre janeiro e março –, mas bastante discreto. Mesmo assim, fez algumas consultorias da área econômica revisarem suas expectativas para o resultado do Produto Interno Bruto (PIB), que será anunciado no dia 1º de setembro.
Até agora, a aposta predominante era de um resultado negativo no período entre abril e junho. O quadro começou a mudar com os indicadores antecedentes da Fundação Getulio Vargas, na quarta-feira (16), e foi reforçado pelo resultado desta quinta-feira (17).
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O Itaú Unibanco, por exemplo, revisou sua projeção de -0,2% para zero para o PIB do segundo trimestre. Em vez de uma nova queda, estabilidade. Segundo o banco, a mudança foi determinada por "surpresas positivas" na produção industrial, nas vendas no varejo, na receita real de serviços e no mercado de trabalho. A gestora de recursos Quantitas fez o mesmo nesta quinta, inspirada pelo resultado do indicador do BC. E avançou uma casinha além do Itaú Unibanco. Em vez de zero a zero, quis um a um: elevou a estimativa para o PIB de -0,2% para 0,1% positivo.Tem importância? Sem dúvida. Deixar para trás o mar vermelho da recessão representa não só um alívio psicológico mas um estímulo para voltar a comprar, vender, produzir, ocupar capacidade ociosa, contratar. Cada vez que uma dessas engrenagens se move, empurra a economia para o território positivo.
Significa que todos os problemas econômicos do Brasil estão resolvidos? Infelizmente, não. Boa parte do avanço obtido até agora vem dos sinais de que o governo havia entendido a natureza da crise, passara o cadeado nas contas públicas com a lei do teto dos gastos e passaria a se comportar com a responsabilidade fiscal que se espera de uma gestão com os cofres raspados.
Até o mercado financeiro, que havia tentado mostrar indiferença ao "rombo do rombo", com bolsa em alta e dólar em baixa diante do anúncio do buraco ampliado de R$ 139 bilhões para R$ 159 bilhões, mudou de rumo nesta quinta.
A bolsa caiu pela primeira vez em cinco sessões e o dólar subiu. Analistas atribuíram os dois movimentos à "incerteza fiscal". No pacote que acompanha a revisão da meta de déficit, estão medidas difíceis de aprovar no Congresso.
Embora não tenham rebaixado a nota do Brasil, agências de risco alertaram para os perigos de prolongar o processo de estabilização da dívida pública brasileira, que voltará a inquietar investidores externos. Para voltar a crescer, o Brasil precisa de outra atitude.