A nomeação de Gilberto Occhi, indicado pelo PP para a presidência da Caixa Econômica Federal, não era o que estava combinado com o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. O nome mais “notável” do ministério Temer havia assegurado, na sua posse: “As nomeações têm que ser técnicas, profissionais, não serão nomeados profissionais que não passem em um crivo pessoal meu.”
Interlocutores do ministro insistem que ele só aceitou o cargo munido da autonomia exigida para aceitar a tarefa de descascar os maiores abacaxias da República: a dívida pública, o déficit primário e o da Previdência, na ordem de grandeza dos números. Desde a indicação de Occhi – no final da quarta-feira pré-feriado, Meirelles não se pronunciou, embora tenha participado da reunião que definiu também Pedro Cafarelli para o Banco do Brasil.
Se referendou a indicação política, Meirelles não deve “pegar o boné”, como o faria se estivesse contrariado, mas perde uma lasquinha de credibilidade. Nada comparável ao ruído provocado pelas gravações já vazadas do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado. Além de semear pânico entre parlamentares e integrantes do governo do PMDB, o episódio voltou a acender a luz amarela entre investidores.
Mais do que o já divulgado – bastante incômodo –, a incerteza aumenta com o potencial de novas revelações. A fermentação da suspeita atrapalha a tramitação das medidas econômicas, que já não teriam vida fácil, especialmente o guarda-chuva do teto da despesa. Entre novos escândalos com parlamentares e mais nomeações políticas para comandar bancos públicos, o que deveria deslanchar, empaca. E o que deveria sinalizar mudança de rumo se repete.