Desde o pico anterior da boataria sobre sua saída do Ministério da Fazenda, Joaquim Levy se refere ao assunto como ''folhetim''. No dia seguinte ao envio da proposta de orçamento de 2016 com possibilidade de zerar a economia para pagar o juro, disse que se manteria ''distante do folhetim''. Agora, o foco já não está no desfecho da história, mas no epílogo: quem vai sentar na cadeira antes ocupada por Levy?
Depois de tudo por que o quase ex-ministro passou, vai ser difícil convencer um nome identificado com o mercado. A academia será a fonte da maior independência possível em relação ao governo. E as chances de ser alguém identificado com a ortodoxia são remotas. Ao contrário do que se previa, a presidente Dilma Rousseff não parece disposta a arquivar seu viés desenvolvimentista. Quer um nome que acene com recuperação. Mas não será possível reagir sem antes consertar os estragos.
A escolha mais óbvia – e fácil – seria o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, que luta pelo cargo desde o governo anterior. As reações seriam imprevisíveis, no mercado e nas agências de classificação de risco. Consta que no período em que ficou fora da Esplanada – era o segundo de Guido Mantega – Barbosa teria se aproximado da ortodoxia, mas sua atuação desde janeiro tem sido marcada por inclinação inversa.
Entre os nomes de fora do governo que circularam nesta quinta-feira estava o de Luiz Schymura, o presidente do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV). Como Schymura levou Barbosa para o Ibre em 2013, quando o parceiro bateu de frente com Mantega, o balão de ensaio faz sentido – o bate-bola pode funcionar melhor e ter sentido contrário: Barbosa na Fazenda, Schymura no Planejamento. O presidente do Ibre já fez declarações simpáticas a Dilma. Mas sinais de volta ao passado não serão bem recebidos.