Não relacionado para a partida de quinta (11) pela Sul-Americana, o zagueiro Robert Renan foi punido pelo Inter após o pênalti perdido contra o Juventude. Alguns podem entender como uma preservação, mas eu fico com a primeira opção. A melhor forma de aparar arestas é colocando o profissional para jogar e não o escondendo.
Um jogador de futebol é preparado, uns mais e outros menos, para lidar com situações de pressão como essa. Afinal de contas, quem o Inter está punindo? O jovem de 20 anos, o promissor zagueiro em quem o clube aposta muito, ou o jogador que fez a escolha errada num pênalti decisivo?
O ponto de partida é entender que Robert Renan errou o pênalti porque errou na decisão sobre o jeito de bater na bola. Mas e se ela tivesse entrado? Seria um golaço, um gol de zagueiro técnico, gol de jovem com personalidade de experiente.
Enfim, ele assumiu o risco e errou. E por ter errado, deve ser cobrado. Uma advertência, uma conversa, um puxão de orelha. Que jovem não precisa disso? Durante a semana após a eliminação o jogador foi alvo do linchamento virtual e de ataques racistas.
Imaginei que as coisas estivessem resolvidas, mas duas semanas depois, no jogo dito como o da reconciliação do time com a torcida, o Inter não relacionou Robert Renan. Na prática, o clube afastou e escondeu um ativo. E aqui cabe uma volta ao passado. Robert Renan foi anunciado no dia 3 de janeiro.
Formado no Corinthians, o zagueiro chamou a atenção no futebol russo e na Seleção Brasileira de base pela técnica e boa saída do campo de defesa. Foi quase na madrugada de uma segunda-feira que centenas de torcedores foram ao aeroporto Salgado Filho para recepcionar o jogador, cinco dias após o anúncio. Ali estava claro que a torcida tinha entendido o recado da direção. Estava chegando um zagueiro com potencial de titularidade.
Eu acho que os testes feitos por Eduardo Coudet ao utilizar Fernando como zagueiro podem ter relação com o pênalti perdido por Robert Renan. E antes, pelo arriscado toque de calcanhar no clássico Gre-Nal. Robert Renan é um zagueiro que reúne todas as características que agradam Coudet. Mas como recuperar o jogador? Será que o massacre a jovens que cometem um erro no campo não é exagerado?
Recentemente, o técnico do Palmeiras Abel Ferreira falou sobre o assunto. Disse que aqui no Brasil as pessoas — inclua aqui torcida, imprensa e todos que estão envolvidos no processo, “matam” o jogador. Abel também falou sobre a importância da força mental do jogador, algo pouco debatido por aqui:
— O jogador que aqui no Brasil consegue ser forte mentalmente, joga fácil em qualquer campeonato do mundo. Qualquer erro aqui e o transformamos em vilão.
O Inter precisa saber quem ele está punindo e se esse é o jeito certo. Aquele promissor zagueiro merece uma segunda chance.