Muitos mitos da Seleção Brasileira de 1970 não resistiram ao tempo. Ou foram desmentidos, ou foram convenientemente esquecidos. João Saldanha disse ou não disse que cortaria o Pelé da lista porque o Pelé era míope? Largou a Seleção porque os militares no poder, a começar pelo presidente Médici, estavam se intrometendo demais no seu trabalho, ou não foi bem assim? Não importa. O que deixou mais saudade – porque nunca tinha acontecido antes e nunca mais se repetiu – foi a simples anunciação pelo Saldanha, como primeiro ato da sua regência, do time que ele tinha na cabeça, do goleiro ao ponta-esquerda. O time que acabou ganhando no México não foi o do Saldanha, foi o do Zagallo, mas isso também não interessa. O fato é que entre o time da ponta da língua do Saldanha e o que jogou no México entraram as circunstâncias, essas serpentinas em que a gente vive se enredando.
Opinião
Na ponta da língua
Leia a coluna publicada na superedição de fim de semana de ZH
Luis Fernando Verissimo