Dois militares que alcançaram o topo de hierarquia nas Forças Armadas estão cotados para assumir postos importantes no governo federal nos próximos dias. Um deles é o general Joaquim Silva e Luna, já indicado por Jair Bolsonaro para ocupar a presidência da Petrobras. Ele foi ministro da Defesa no governo de Michel Temer e ocupava, até poucos dias, a diretoria-geral de Itaipu Binacional.
O outro que pode assumir um grande cargo é o almirante Flávio Rocha, cotado para ser o novo chefe da Secretaria Especial de Comunicação (Secom). Conhecido como Rochinha, ele é o atual chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE), que, como o nome indica, atualiza o presidente sobre tudo o que é sensível ao governo.
A realidade é que os militares, desde o início do governo Bolsonaro, ocuparam as principais funções da máquina pública. Um levantamento, publicado em GZH em maio passado, mostrava 2,8 mil integrantes das Forças Armadas em funções governamentais (mais da metade deles do Exército). De lá para cá, eles ganharam gestões importantes, como a maioria dos cargos de proa nos ministérios da Saúde e do Meio Ambiente.Desde então, segundo o Tribunal de Contas da União (TCU), esse número subiu para 6,1 mil.
Agora, um novo estudo mostra que os militares cresceram não só em quantia de cargos ocupados, mas na importância das funções. A pedido do senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) e da deputada federal Tabata Amaral (PDT-SP), o governo enviou números de cargos comissionados ocupados por gente das Forças Armadas.
O material foi publicado em primeira mão pelo jornal O Globo. Em janeiro de 2019, primeiro mês de governo, 188 militares ocupavam funções estratégicas na máquina federal (cargos de coordenação, diretoria, secretaria ou ministro). Agora são 342.
Não se trata de dizer aqui se isso é bom ou ruim. Militares costumam ser bem preparados. A questão é se ocupam os lugares certos na máquina estatal — no caso da Saúde, por exemplo, as dúvidas levantadas pelo setor médico são grandes.
O que fica claro é que, pressionado por sucessivas crises e sem um partido para chamar de seu, Bolsonaro se cercou do ambiente profissional do qual é oriundo. Com a vantagem, agora, de estar no topo da cadeia de comando.