O ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, falou com produtores e indústrias do Estado sobre a proposta de mecanização. Em entrevista ao Campo e Lavoura da Rádio Gaúcha, detalhou a proposta. Leia trechos abaixo.
O que é esse projeto para aumentar a mecanização na agricultura familiar?
Queremos que a indústria de máquina do RS nos ajude com o desafio de aumentar a tecnificação e a mecanização da agricultura familiar. Além do MDA, tem a Finep, com uma linha especial de financiamento, e um edital, com o Ministério de Ciência e Tecnologia, para a modernização e a diversificação da linha de máquinas e implementos. O que viemos trazer é: linha de financiamento e, ao mesmo tempo, uma convocação para atender a essa ideia de aumentar a mecanização. E ver como aperfeiçoar os instrumentos existentes de financiamento, de apoio. Hoje, é muito baixa a mecanização do agricultor familiar no Brasil, 18%. É um problema e, ao mesmo tempo, uma oportunidade.
Como funcionará esse edital ?
São dois. O fundo de aval está sendo trabalhado no âmbito do Banco do Brasil. Ao mesmo tempo, estou estimulando os Estados a também desenhar os seus fundos de aval. Conversei com o governador Eduardo Leite, com o secretário Santini (Ronaldo Santini, de Desenvolvimento Rural do RS) e estão dispostos a estudar a possibilidade de criação de um fundo de aval . Outra coisa é o edital para inovação, que está sendo lançado pela Finep, com investimento praticamente a fundo perdido. Até 30 de março sai. E tem uma terceira linha, da Finep, para grandes empresas na área de inovação, disponível.
O senhor falou em só 18% de mecanização, mas falta tecnologia ou acesso a ela?
Olhando o mapa do Brasil, você percebe que as propriedades mais mecanizadas estão no Sul – SP tem um comportamento parecido. Precisamos expandir. Queremos ver onde estão as falhas, como desenhar melhor os financiamentos. Achamos que uma das principais lacunas é a falta de um fundo de aval, porque às vezes o produtor quer comprar, tem renda, mas não tem bem para dar como garantias. Um segundo desafio é aumentar o valor do financiamento para o pequeno e a renda para acessar esse financiamento mais subsidiado.
E como resolver a limitação dos recursos, que suspende linhas pouco depois de abertas?
Na distribuição dos recursos para instituições financeiras, praticamente todas ainda têm, exceto Banco do Brasil e BNDES. E já assinei uma carta, solicitando à Fazenda R$ 3 bilhões para completar os recursos a essas instituições. Quando o Plano Safra foi lançado, o presidente disse que não faltaria dinheiro. E tem suplementado, para não faltar durante o Plano Safra.
Em meio à crise no leite, um dos pedidos era por subsídio aos produtores. Essa ideia avançou?
Baixamos um decreto que concede incentivo para laticínios que comprarem leite in natura no Brasil. É um passo, teve efeito, mas não resolve o problema. Nos anos passados, houve uma enorme concentração de mercado. O Brasil produz a mesma quantidade de leite com menos produtores. De outro lado, houve o endividamento de produtores. Teve um momento de alta, em que contraíram muitos financiamentos para a modernização da produção, e agora baixou o preço do leite e ele está endividado. Vamos trabalhar essa equação. Por último, também o aumento do preço dos insumos para produção. Já demos dois passos, o efeito foi de melhora. Mas agora, inclusive conversei com a indústria de laticínios, e vamos chamar todas empresas e produtores, os próximos 15 dias, para ver quais medidas extras vamos adotar, como vamos tratar a dívida dos produtores.