O currículo que inclui a graduação em Relações Internacionais, com ênfase em Economia, e mestrado em Gestão e Políticas Públicas já dá pistas da missão de Guilherme Ribeiro à frente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Há pouco mais de três meses no cargo de diretor-presidente, ele está na Expointer e conversou com a coluna sobre o projeto de modernização da estrutura.
Confira trechos da entrevista.
A contratação de profissionais de fora do quadro e, no eu caso, com foco específico em gestão tem como perspectiva uma profissionalização da Conab?
Hoje, o funcionário público, o gestor público não pode ser uma meramente uma indicação política, que acaba sendo, mas tem de ter uma especialização, saber o que vai fazer. Eu sempre me pautei em buscar essa especialização, terminei o mestrado em Gestão e Políticas Públicas, vou buscar meu doutorado, para que possa contribuir cada vez mais. Acho que essa profissionalização tem de se dar em tudo. Temos de buscar profissionalização e excelência em tudo o que a gente faz.
Qual é hoje o papel Conab?
Desde que entrei, a ministra sempre nos pede uma excelência na informação. Hoje (ontem) fizemos o último levantamento da safra, o 12º, e são dados bem apurados pelos nossos técnicos, que vão a campo. A gente tem trazido, o Sérgio (De Zen, diretor de Política Agrícola e Informações) é um parceiro para trazer essa acurácia cada vez melhor. Mas, de outra forma, nós temos de sempre olhar para o agricultor. Nosso papel é ajudar na renda dele, fazer a segurança alimentar e nutricional das pessoas. Ao mesmo tempo, temos de dar credibilidade para o setor. Então, o papel da Conab, além de estar ao lado do produtor, de pensar as políticas públicas para o agricultor familiar, é entender a necessidade, levar para Brasília e começar a desenvolver cada vez mais as nossas políticas. Esse é o papel chave que hoje vejo da Conab.
Qual o orçamento previsto para este ano? E o quanto dele vai para a folha?
O orçamento é de R$ 2,5 bilhões. Quase R$ 1 bilhão é folha de pagamento da Conab, o que é muito. Mas nós já diminuímos, então está chegando a R$ 900 milhões. Temos 3,8 mil funcionários, espalhados pelo país todo, são concursados. Tivemos um Programa de Desligamento Incentivado (PDI) há alguns anos, estamos projetando um novo para o ano que vem, vamos ver como será a adesão. Depois, aproximadamente R$ 1 bilhão para formação de estoque e as despesas discricionários, em torno de R$ 60 milhões. É um orçamento super enxuto. O que entra nesses R$ 60 milhões são contratação de vigilância, limpeza, abastecimento, luz, água, o custeio da máquina. Só que, nesse recurso, entraria também algum aprimoramento, como a contratação de algum software. Daí tem de começar a priorizar. Nós, da diretoria, gostaríamos de fazer atualizações maiores e mais rápidas.
Com esse novo PDI, qual é a meta de redução na folha?
Estamos olhando para o colaborador, para que seja vantajoso para ele. Então, eu acredito que esse PDI terá uma boa adesão. Temos uma meta estipulada para atingir, que estamos fechando o limite. Estamos trabalhando o tamanho do enxugamento, porque vai depender da adesão do plano de saúde, que estamos incluindo. Se tudo trabalhar como vem ocorrendo, acho que a gente consegue uma adesão.
O que é prioridade até o final do ano na gestão?
Nossa principal preocupação, além dos dados, é manter a alimentação, a segurança nutricional das famílias. Em 2020, assinamos acordo com o Ministério da Cidadania, para atendimento a 1,6 milhão de cestas básicas. Esse foi um recurso do governo federal preocupado com algumas famílias, extrativistas, pescadores, quilombolas, indígenas, por causa da pandemia. Então fez esse TED, esse acordo de cooperação. Alguns Estados já completaram sua entrega, o RS é um deles. E coube a nós Conab a compra, a montagem da cesta e a logística de entrega também. No Estado, foram quase 65 mil cestas básicas. Nossa prioridade é finalizar esse processo até o final do ano. Está entrando um edital para finalizar a entrega dessas cestas. São 14 Estados.