A decisão da Argentina de liberar a comercialização de trigo transgênico deu amplitude à primeira fase do debate sobre o tema no Brasil, na esfera da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio). O primeiro o passo será este: avaliar se a tecnologia em questão pode ser considerada segura ou não ou ainda se precisa de mais pesquisas.
Os argumentos serão apresentados em audiência pública marcada para a próxima semana. A CTNBio informou à coluna que o evento busca “colher subsídios e dar oportunidade para que os diversos setores envolvidos se manifestem sobre o tema”.
O órgão reforça que aspectos de conveniência, oportunidade socioeconômicas e interesse nacional são do escopo de análise do Conselho Nacional de Biossegurança (CNBS).
Na prática, isso significa que há um longo caminho a ser percorrido antes de a transgenia no trigo eventualmente chegar ao circuito comercial brasileiro. O que inclui a importação do produto cultivado na Argentina. A TMG, empresa que no Brasil é parceira da argentina Bioceres no processo de regulamentação, estima que isso não ocorra antes de 2023.
E, a exemplo de outros transgênicos consolidados, como a soja, a liberação comercial não é sinônimo de venda imediata. A aprovação de clientes é fundamental. A terceira geração de soja transgênica, autorizada no Brasil, aguarda aval da União Europeia para entrar de fato no mercado.
De toda forma, a Indústria Brasileira do Trigo (Abitrigo) decidiu marcar posição, em nota, de contrariedade.
– Avaliamos que não deve prosperar. Hoje não existe comércio para esse trigo – reforça Diniz Furlan, presidente do Sinditrigo-RS.