Apesar de junho ser o mês em que o plantio do trigo se intensifica no Rio Grande do Sul, ainda não é possível estabelecer o espaço que será reservado à principal cultura de inverno. Prova disso é que os ponteiros da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) não mexeram em relação ao ano passado, quando foram 699 mil hectares, a menor área desde 2006. O levantamento divulgado nesta terça-feira (12) reflete informações coletadas no final de maio.
— Não está garantido que a área ficará igual à de 2017 — pondera Carlos Bestetti, assistente da superintendência da Conab no Estado.
Ele acrescenta que a perspectiva melhorou bastante em relação ao início do ano. Com o mercado e os preços do cereal mais favoráveis, muitos produtores devem rever a decisão de encolher a área ou até de não plantar trigo.
Neste momento, a preocupação vem do mercado parado. Sem a movimentação de grãos, a chegada do adubo às propriedades também fica comprometida — o caminhão que leva soja ao porto de Rio Grande costuma fazer o caminho de volta com fertilizantes.
Paulo Pires, presidente da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado (Fecoagro), avalia que, no momento, não está faltando produto para a semeadura:
— Mas tem áreas em que o pessoal tá ansioso por causa da ureia, que é utilizada depois da emergência do trigo.
O dirigente segue apostando na manutenção do espaço a ser ocupado pela cultura neste ano. Projeção compartilhada por André da Rosa, sócio-diretor da Biotrigo. Ele afirma que não existe “correria” por sementes, o que é indicativo de que a área não deverá ter acréscimo.
No início do ano, havia estimativas de novo encolhimento, que chegavam a até dois dígitos. Agora, o entendimento é de que isso não deve ocorrer. Na última semana, a Emater apresentou o primeiro levantamento de intenção de plantio, apontando diminuição de 3,35% em relação à safra passada, quando, foram cultivados 691,55 mil hectares, segundo o IBGE.