Assim como o Brasil, o Rio Grande do Sul também cultivou nas lavouras a trégua para a recessão como mostram os dados divulgados pela Fundação de Economia e Estatística (FEE). A agropecuária cresceu 3,5% na relação com igual período do ano passado. E 4,7% se comparada ao trimestre imediatamente anterior. São percentuais mais tímidos do que os brasileiros – 15,2% e 13,4% respectivamente. Mas não há surpresas aí, já que o peso da safra aparece com força para o país nos primeiros três meses e, para o Estado, nos três seguintes.
– Embora o crescimento tenha sido menor do que no país, a gente teve avanço mais homogêneo entre os setores no Rio Grande do Sul. O agro indo bem, você consegue ativar mais rapidamente o setor industrial – observa Pedro Lutz Ramos, gerente de análise econômica do Sicredi.
E o que foi bom no primeiro trimestre ficará ainda melhor no segundo, quando o carro-chefe da produção agrícola do Estado, a soja, entrará na conta.
– O resultado do setor no segundo trimestre está garantido. A questão é saber como os outros segmentos se comportarão – afirma Roberto Rocha, coordenador do Núcleo de Contas Regionais da FEE.
A segurança dele e de outros economistas em fazer essa afirmação vem do campo. Bem como a explicação para o resultado do trimestre inicial de 2017.
Nos primeiros três meses, foi o arroz que fez a diferença para a agropecuária. Depois de um 2016 com redução de 16% na produção, este ano foi de retomada, com volume colhido de 8,61 milhões de toneladas segundo a Companhia Nacional de Abastecimento. Outro destaque foi a uva, que não só recuperou a quebra registrada no ano passado, como obteve desempenho histórico, com 750,61 milhões de quilos colhidos.
Mas o maior peso virá da soja, que, além de ter produção maior, é mais valorizada do que o arroz. A colheita foi de recordes 18,71 milhões de toneladas, e produtividade média igualmente histórica, de 3,36 mil quilos por hectare – mas há desempenhos bem acima disso.
– Os ganhos de produtividade precisam ser ressaltados, tanto no arroz quanto na soja e no milho. O clima ajuda, mas a cada período que passa, o setor consegue se superar e entregar uma produção cada vez maior, mesmo com área igual – completa o gerente de análise econômica do Sicredi.
Tamanha fartura promete impulsionar o resultado da economia do Estado.
– Pelo fato de participarem mais da estrutura da economia gaúcha, soja e milho devem dar uma contribuição importante. A tendência é de que esse impacto do agro venha a fazer com que a economia gaúcha passe para o azul no próximo trimestre, porque outros setores também devem crescer – avalia Rocha, da FEE.