Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
A criação de um novo produto para investidores, as Letras de Crédito de Desenvolvimento (LCDs), abre oportunidades para o Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE). A instituição financeira tem sede em Porto Alegre, mas atua nos Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. Seu objetivo é obter autorização para emitir R$ 2 bilhões em títulos de LCDs, sendo que R$ 500 milhões ainda em 2024. E a pergunta que a coluna mais tem recebido sobre a aplicação financeira: qual será o rendimento para quem comprá-los? No geral, será a taxa de mercado referenciada no CDI (Certificado de Depósito Interbancário) ou vinculada à inflação. Mas e os do BRDE?
— É difícil precisar, pois depende de regulamentação e prazo, mas achamos que deverá ficar entre 95% e 100% do CDI (que acumula em torno de 11,5% nos últimos 12 meses) — diz o diretor-presidente, Ranolfo Vieira Júnior.
O executivo estará na próxima semana em reunião com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para discutir os valores e outros detalhes. A criação das LCDs já foi sancionada pelo presidente Lula, mas precisa de regulamentação do Conselho Monetário Nacional (CMN).
Em qual prateleira
É o BRDE que emite a LCD, mas não será ele a vendê-la a investidores. Isso será papel das instituições financeiras. O diretor-presidente, Ranolfo Vieira Júnior, diz que o Banrisul tem forte potencial para oferecê-la na sua prateleira de aplicações. Lembrando que a LCD é isenta de Imposto de Renda para pessoas físicas residentes no Brasil e tem alíquota reduzida a 15% para pessoas jurídicas.
Destino do dinheiro
A LCD foi criada para captar com investidores dinheiro para financiar infraestrutura e inovação industrial. No caso do BRDE, a ideia é emprestar para fábricas expandirem seus negócios. Provavelmente, dará destaque a investimentos em sustentabilidade. E qual será o juro para a tomada do empréstimo?
— Além do juro a ser pago ao investidor, acrescentaremos o spread do banco (custo da operação), que fica, em média, entre 2% a 3%. É baixo se comparado com bancos comerciais — enfatiza o diretor-presidente do BRDE.
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) vê potencial de que o setor use muito do recurso para energia renovável, inclusive produção de hidrogênio verde. É interessante divulgar isso, pois pode atrair um investidor que busca um propósito sustentável para o seu dinheiro, uma prática saudável para quem aplica e para a sociedade, entende a coluna.
Outros investimentos
Além da estreia em LCDs, o BRDE já capta dinheiro no mercado de capitais. Em 2024, foram R$ 428 milhões, sendo mais de 90% em Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs), que financiam produção, venda e industrialização no campo. Quem mais vendeu os títulos: BTG, Itaú, Safra, XP e Ágora.
É assinante mas ainda não recebe a carta semanal exclusiva da Giane Guerra? Clique aqui e se inscreva.
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Guilherme Jacques (guilherme.jacques@rdgaucha.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
Leia aqui outras notícias da coluna