O mercado acertou na mira ao projetar o crescimento de 1,1% do PIB em 2019, dado divulgado pelo IBGE nesta quarta-feira (4). Foi o terceiro ano de crescimento, mas ainda não anula a queda de 2015 e 2016. Lembrando que o ano passado começou com uma previsão de crescimento de 3%, que é o que se considera o ideal para a economia brasileira.
O destaque da coluna vai para o setor da Construção, que cresceu 1,6% no ano. Foi o primeiro resultado positivo após cinco anos consecutivos de queda. Grande gerador de empregos e motor da economia, o setor agonizou durante a recessão do país. Poucas construtoras mostraram resiliência no período, ficando focadas em nichos, como habitação popular.
Recuperação da confiança e juro reduzido estão os motivos para o suspiro do setor no ano passado. Aliás, já se percebe um efeito disso no aumento de preços dos imóveis. Resta saber se é uma retomada sustentável: Preço dos imóveis sobe acima da inflação em Porto Alegre; veja os bairros mais caros e mais baratos
Mas o pessoal estava de olho mesmo no resultado do quarto trimestre, para saber como foi o ânimo na finaleira do ano. Considerando esse período, o PIB cresceu 1,7% sobre o final de 2018 e 0,5% sobre o trimestre imediatamente anterior.
De positivo, no entanto, indústria e serviços têm resultados positivos das duas comparações trimestrais. O avanço de 1,5% nas fábricas foi puxado pelas Indústrias Extrativas (3,4%), com aumento da extração de petróleo e gás natural, mas a extração de minério de ferro continua caindo. O segmento de Transformação (1,1%) foi puxado pela alta de fabricação de produtos alimentícios, produtos derivados de petróleo e produtos de metal.
Aleluia também para a Construção, que cresceu 1% sobre o final de 2018, apesar de ter recuado 2,5% sobre o terceiro trimestre. Na comparação anual, foi o terceiro resultado positivo após queda por 20 trimestres consecutivos.
Setor que mais pesa no cálculo do PIB, o desempenho de Serviços subiu 1,6%. Destaque para a expansão da atividade de Informação e comunicação (4,6%) e Atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados (3,0%).
Um alerta
Em especial, gera preocupação um indicador que a coluna sempre observa: a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF). Ele indica o investimento privado e serve como sinal de tendência futura, já que aponta a intenção dos empresários de investirem ou não nos seus negócios. Pois, apesar de ter fechado o ano com avanço de 2,2%, ele caiu no quatro trimestre. Recuou 3,3% sobre o terceiro trimestre de 2019 e 0,4% na comparação com o último trimestre de 2018.
Importante lembrar que o dado do PIB não contempla os impactos do coronavírus. A epidemia começou a dar sinais somente em janeiro de 2020 e ganhou atenção em fevereiro. As projeções para o PIB brasileiro têm sido revisadas. Segundo a Federação da Agricultura do Rio Grande do SUl (Farsul), a nova aposta da entidade, por exemplo, é um avanço de 1,9% em 2020 apenas.
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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