O povo chama de ciática qualquer dor nas pernas e na região lombar. As fibras nervosas que emergem entre a quarta e a quinta vértebras lombares (L4 e L5) e a primeira e segunda sacrais (S1 e S2) saem da pélvis na direção do membro inferior, na forma de um tronco nervoso: o nervo ciático, o maior do organismo.
Qualquer distúrbio ao longo do percurso desse tronco pode dar origem à dor ciática. Os mais comuns são rupturas ou artrites nos discos intervertebrais que ficam entre L4 e L5 e entre L5 e S1, processos que comprimem as raízes emergentes nessas alturas.
A prevalência da dor ciática na população é ao redor de 40%. Costuma acometer mulheres e homens a partir da quarta ou quinta década de vida.
A dor pode instalar-se de forma abrupta ou lenta. É geralmente unilateral, mas pode ocorrer bilateralidade, quando existe herniação ou processos inflamatórios do disco com compressão da medula.
A dor regride espontaneamente na maioria das vezes. Um terço das pessoas fica livre dela em duas semanas. Nas demais, pode durar mais tempo, até três meses.
Nos casos mais típicos, ela se irradia ao longo da faixa que vai da parte média ou inferior da nádega à região dorso-lateral da coxa (compressão da raiz em L5), à posterior da coxa (compressão em S1) ou à anterolateral da coxa (compressão em L4). Se chegar abaixo do joelho, sua localização obedecerá à distribuição superficial das raízes sensitivas que acompanham a raiz nervosa afetada.
Quando a dor nas costas e no trajeto do ciático aumenta ao tossir, espirrar ou ao estender o membro inferior, há suspeita de ruptura do disco. Fraqueza na perna ocorre em menos da metade dos casos. Podem surgir sensação de formigamento e perda de sensibilidade nas áreas acometidas.
O sinal clínico mais caraterístico é o de Lasegue: com o paciente deitado de costas, elevamos o membro inferior estendido para formar um ângulo de 30 a 70 graus com a superfície. O sinal é positivo quando a dor aumenta.
Nos casos típicos, não há necessidade de exames de imagem ou de eletromiografia. Quando o quadro é mais persistente, a ressonância magnética ajuda a esclarecer sua origem.
A dor regride espontaneamente na maioria das vezes. Um terço das pessoas fica livre dela em duas semanas. Nas demais, pode durar mais tempo, até três meses.
Embora o repouso seja recomendado de rotina, não há evidências de que traga benefícios nos casos em que há possibilidade de movimentação.
O objetivo do tratamento é o controle da dor por meio de fisioterapia e medicamentos. Anti-inflamatórios, derivados da cortisona, antiepiléticos, relaxantes musculares e analgésicos podem ser úteis, mas seus efeitos variam muito de uma pessoa para outra.
Ioga, acupuntura, estimulação elétrica e manipulações da coluna apresentam resultados imprevisíveis e, às vezes, contraditórios.
A cirurgia provoca alívio mais rápido e acelera a recuperação motora, mas só está indicada quando existe hérnia de disco com compressão importante do canal medular ou quando as dores são mais persistentes. O momento ideal para a indicação cirúrgica não está bem definido.