Parece-me simples a questão do vídeo do presidente da Federação Gaúcha de Futebol (FGF), Francisco Novelletto.
A única mancada foi alguém tê-lo publicado, já que redes sociais não é exatamente o terreno da lucidez acerca de qualquer assunto, de canastra a diplomacia da ONU.
Nas redes sociais, se você concordar, beleza, é amigo, do bem e imparcial. Parabéns. Mas, se discordar, aí você é do mal e tendencioso. Tudo um tanto raso e nada democrático. Há exceções, é claro. Melhor não generalizar, mas é raríssimo um debate normal avançar nestes termos.
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Voltemos ao vídeo (assista ao final da matéria).
O que uma pessoa faz no âmbito privado diz respeito apenas a ela e mais ninguém. Desde que, obviamente, nada tenha a ver com ilegalidade, irregularidade ou crime.
A Lava-Jato é o exemplo mais claro neste sentido. Aí não tem conversa entre público e privado, pois se trata de cumprir a lei no uso do dinheiro público. Que é meu e seu, de todos nós.
Mas, fora disso, o que se faz no privado e não interfere na vida dos outros não pode incomodar tanto assim. Deveria provocar algumas risadas, neste caso específico e futebolístico do vídeo do Novelletto. Nada além disso.
Todo mundo sabe que Novelletto é torcedor do Inter. Ele nunca escondeu isso. Assim como seu vice, Luciano Hocsmann, que deve sucedê-lo no cargo, aliás, é gremista assumido e nunca deixou de manifestar sua condição.
Seria diferente, por exemplo, se o vídeo tivesse sido gravado em algum estádio ou ambiente público. Aí, na condição de autoridade, não poderia torcer, mesmo que não estivesse em solenidade oficial. Não seria adequado.
Tite, técnico da Seleção, festejou no estádio um gol do Corinthians contra o Santos. Pediu desculpas, depois, a seu colega Dorival Júnior.
Fez isso porque achou que não era legal, publicamente, agir daquela maneira, já que a Seleção é de todos, inclusive corintianos e santistas. Se bem conheço Tite, se policiará ao extremo para não repetir a atitude em público.
Privadamente, é claro que Tite vibra em jogos do Corinthians, pela relação criada em Itaquera. E não deixará de fazê-lo, sem problema algum com o cargo que ocupa.
O único problema do vídeo do Novelletto, na verdade, está na maneira intolerante com a qual as pessoas o perceberam.
O melhor, neste ambiente de fanatismo da rivalidade Gre-Nal, era o vídeo não ter vazado. Evitaria as paranoias de praxe na aldeia. Mas alguém "muy amigo" do dirigente estava no local. A rigor, deveria ser visto como mais um video vazado, sem importância alguma no reino dos sensatos.