Não entendo o meu Inter.
Ele não me deixa nem flautear os gremistas em seu pior momento. Porque não há nada pior para um clube grande do que a série B - só a C e a D.
Não precisava ganhar grandes títulos, desde que não passasse nenhum vexame. Já estava de bom tamanho.
Mas meu time vem estragando qualquer esperança de deboche do rival. Nunca estive tão calado nos grupos de WhatsApp por falta de assunto.
Grêmio cai na primeira fase da Copa do Brasil, e Inter acompanha a desclassificação, conseguindo ser ainda mais desastroso, superado pelo novato potiguar Globo que, em seguida, foi eliminado,
Inter ganha um clássico que não vale nada na fase de grupos do Gauchão e perde de goleada para o tricolor na semifinal com Beira-Rio lotado, sabendo que só terá esses Grenais decisivos o ano inteiro para o torcedor lembrar.
E não há esquema tático, não há zaga, meio e ataque definidos, não há esperança de gol em bola aérea, não é possível compreender tantos chuveirinhos em seca de atacante na área, estamos sempre em pré-temporada, começamos e terminamos em pré-temporada, pré-temporada de inferno nos dois derradeiros anos. Todas as contratações, com exceção de Bustos, são duvidosas.
Feliz o tempo que não tínhamos banco, hoje não temos nem onze titulares.
Feliz o tempo em que éramos vices, hoje não disputamos finais.
A régua está tão baixa que o “quase” contestado de ontem é melhor do que o “nada” de atualmente.
O técnico Medina tem tanta vergonha do nosso escudo que jamais usa o abrigo da comissão técnica. Fica na casamata de roupa de festa, pronto para a balada dos desesperados, na proeza de acumular lugar e tempo errados, puxando o nosso desempenho do irrisório para o aviltante, do precário para o vexame, com as suas substituições conservadoras. Não acerta uma mudança.
Reclamar do traje social do treinador é o menor de nossos males.
Aliás, não existe mais camiseta da sorte. Pode vir com golas, pode vir com suspensórios, pode vir com listras que não trará bonança.
Talvez seja o Inter mais fraco dos últimos tempos. O Inter mais medroso. O Inter mais inexpressivo. O Inter mais apático. O Inter menos engajado com a sua torcida.
Quem da escalação atual poderia conquistar uma vaga no plantel campeão mundial de 2006? Como reserva? Quem?
Sobreviveriam Taison e D’ Ale, ídolos de uma época que ser colorado era sinônimo de garra.
O que adianta as contas em dia e as prateleiras vazias de canecos? Sequer conquistamos o campeonato regional há seis anos.
O que o Inter experimenta é o carma da ingratidão por dispensar Abel Braga quando ele havia feito o milagre de ressuscitar a paixão vermelha.