Diante da falta de dinheiro para a subvenção do seguro rural, produtores do Rio Grande do Sul não descartam a hipótese de entrar na Justiça contra o governo. A medida é considerada um último recurso, mas já é analisada por sindicatos do Estado.
Antes, a aposta é de que a boa e velha pressão possa surtir efeito nos gabinetes de Brasília. Representantes de entidades vão nesta quarta-feira à capital federal, onde baterá à porta dos ministérios da Fazenda e da Agricultura, a exemplo do que fez na semana passada a Federação da Agricultura do Estado (Farsul). O grupo que tenta a sorte nesta quarta vai estar liderado pelo presidente da Frente Parlamentar da Vitivinicultura e da Fruticultura na Assembleia Legislativa, deputado Elton Weber (PSB). As cifras destinadas ao subsídio em 2015 são coisa do passado, embora o ano não tenha terminado ainda. Ou seja, acabaram. E a menos que o governo decida realocar recursos, a conta vai parar direto no bolso do produtor.
- Não podemos ficar mais uma vez no prejuízo. Neste momento, o agricultor está sem saber o que fazer - diz Inês Fagherazzi, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Bento Gonçalves, Santa Tereza, Monte Belo do Sul e Pinto Bandeira.
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Segundo a dirigente, nem metade dos produtores desses municípios foram contemplados com recursos da subvenção. Grande parte de propriedades familiares e dedicados ao cultivo de uva, se veem com dificuldades para honrar as parcelas que deveriam ser bancadas pelo governo do seguro contratado - que giram em torno de R$ 2 mil, mas podem chegar a até R$ 6 mil.
As perdas causadas à produção pelo clima - entre 50% e 60% na média, mas podendo chegar a 95% em algumas propriedades - deixam o produtor em um beco sem saída. Com custos em alta e produção em baixa, tem dificuldade em honrar um compromisso que, em tese, não é seu. Se não pagar, não recebe o prêmio.
- O seguro é muito mais importante do que qualquer outra política pública voltada ao agronegócio - avalia Olir Schiavenin, vice-coordenador da Comissão Interestadual da Uva.