A qualidade do trigo gaúcho segue mobilizando a Federação da Agricultura do Estado (Farsul). Na próxima semana, a entidade quer se sentar à mesa com representantes da Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo) e da Embrapa para discutir o tema. Os resultados de amostras analisadas pela Universidade de Passo Fundo, que têm servido de argumento nesta briga em defesa da produção do Rio Grande do Sul, já foram enviados à Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
- Estamos tratando desse assunto na área técnica - diz Carlos Sperotto, presidente da Farsul.
Pesquisador e chefe-geral da Embrapa Trigo, Sergio Roberto Dotto diz que atualmente 55% do cereal produzido no Estado é dos tipos pão e melhorador - 48% do tipo pão e 7% de melhorador. Essa transformação na produção - no passado, a predominância era do tipo brando - acompanhou a demanda da própria indústria.
O que muda de uma variedade para outra é a força de glúten e a estabilidade - características relacionadas à firmeza da massa, cuja necessidade varia conforme cada produto. O trigo tipo brando, com força de glúten menor, serve para a produção de biscoitos, por exemplo. O pão, para o pão. O melhorador costuma ser misturado. Sozinho serve para macarrão.
- Para fazer o pão francês, precisa uma massa mais firme, por isso se adiciona o trigo melhorador - explica o chefe-geral da Embrapa.
Trabalhando com pesquisa e desenvolvimento de novas variedades, a instituição adotou a política de só produzir trigo dos tipos pão e melhorador. Para biscoito, "só sob encomenda", garante Dotto.