Com 2013 marcado pela combinação de colheitas fartas e commodities valorizadas, o produtor gaúcho teve condições de se preparar com fôlego para a safra de verão. Capitalizado, fez sua parte e investiu pesado em tecnologia para tentar garantir em 2014 um volume no mínimo igual ao anterior.
Mas no Rio Grande do Sul não há safra que resista à interferência do clima, para o bem e para o mal. No atual ciclo, a escassez de chuva já traz prejuízo e preocupação aos produtores de milho, que aguardam ansiosos pela precipitação capaz de impedir que as perdas se alastrem pelas lavouras onde o grão está na fase mais suscetível à carência de água.
Por isso, a urgência é não apenas por chuva, mas também por um volume capaz de atender às necessidades da planta. Estudo do doutor em agrometeorologia Ronaldo Matzenauer mostra que há motivo extra para preocupação: a produção atual ocorre em ano chamado de neutro, ou seja, sem interferência de fenômenos climáticos, como El Niño e La Niña.
Pesquisador durante 35 anos na Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária, onde atua agora como colaborador, o especialista analisou a relação entre clima e colheita de 1961 a 2010.
O resultado: a produção média foi menor em anos neutros. E a colheita em anos de El Niño foi similar à de períodos com La Niña. A explicação para a primeira constatação está no fato de que em anos neutros costuma chover menos nos meses de janeiro e fevereiro nas regiões produtoras do Estado. Já a semelhança nas colheitas em períodos sob influência de fenômenos climáticos opostos se deve ao fato de que a chuva mais abundante em ano de El Niño costuma ocorrer na primavera.
Como o momento atual é de neutralidade e prognósticos indicam previsão de chuva em torno e abaixo da média histórica para o período, o alerta é ainda maior.
- Normalmente, ocorrem ou podem ocorrer períodos de falta de água. E isso realmente é um pouco preocupante - pontua o pesquisador.
É a passagem do tempo e o regime de chuva que irão indicar se 2014 ficará dentro ou - o que se espera - fora desse padrão detectado.
Opinião
Gisele Loeblein: produtor rural deve continuar atento ao clima em 2014
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