Com o número reduzido de animais no campo, os remates de outono se iniciam com projeção de alta de até 25% no preço. O clima favorável ao pasto também deixou o gado mais gordo, o que anima pecuaristas e leiloeiros.
O principal motivo da queda na oferta é a redução das áreas de pastagens e criação para dar espaço aos grãos, conforme o presidente do Sindicato dos Leiloeiros Rurais do Estado (Sindiler), Jarbas Knorr. A alta do preço da soja fez com que alguns pecuaristas passassem a cultivar lavouras do grão, reduzindo o rebanho:
- Muitos criadores migraram ou arrendaram terras de pastagens para o grão, que se tornou muito rentável nesta safra - explica.
A estimativa do sindicato é que a oferta de bovinos caia 20% no Estado. Com isso, a projeção da entidade é de que o preço do quilo dos animais deva crescer de 12% a 25%, passando de R$ 4 para R$ 4,50 ou R$ 5.
Nas feiras de outono, as principais atrações são as novilhas e os terneiros - machos e fêmeas - comercializados para recria e engorda. Na última temporada, foram vendidos mais de 50 mil animais no Estado.
- Com a oferta menor, a procura aumenta e as vendas serão mais rápidas este ano - comenta Knorr.
Setor se recupera da estiagem
A melhora na condição dos bovinos também deve impulsionar o setor. A seca da última temporada prejudicou as pastagens, o que emagreceu o gado. Este ano, o cenário é diferente. As chuvas constantes deixaram as forrageiras de verão em boas condições para a alimentação dos animais, o que aumenta a qualidade dos lotes.
É o caso do pecuarista Angelo Antonio Martins Bastos, da Estância Itapitocai, de Uruguaiana, que prepara mil animais para serem comercializados em remate nesta temporada. A estância ofertará exemplares em melhores condições do que o ano passado, quando o tempo seco devastou as pastagens. Com isso, a projeção do pecuarista é conseguir um preço cerca de 10% maior em relação ao último outono, quando a média dos animais comercializados ficou em R$ 4,29 o quilo.
Conforme Bastos, se o inverno tiver um clima favorável às pastagens, assim como foi o verão, o rebanho da estância estará ainda mais preparado para a temporada de primavera, quando serão ofertados reprodutores e matrizes.
Mesmo com a projeção de alta no preço do quilo dos bovinos comercializados nos remates de outono, o preço da carne não deve subir nesta temporada, segundo Knorr.
- Ofertamos agora os terneiros que serão criados e abatidos mais tarde, o que não deve afetar o preço da carne ao consumidor no momento.
Pecuaristas precisam investir em tecnologia
A qualidade do gado exposto nos leilões desta temporada deve contribuir para o aumento da rentabilidade dos pecuaristas e, ainda, impulsionar a temporada de outono de 2014, avalia Marcelo Silva, da Trajano Silva Remates.
- A melhor condição corporal das vacas nesta temporada reflete em terneiros mais desenvolvidos no próximo ano - afirma Silva.
Mais capitalizados, os pecuaristas podem investir em tecnologia e genética. Segundo o leiloeiro, com a constante redução das áreas para pasto, os pecuaristas têm de aplicar mais tecnologia para criar um volume maior de gado com os mesmos hectares.
- Tecnologia é a saída para manter o número de animais estável com áreas menores - comenta.
A opinião de Silva é compartilhada pelo proprietário da Agenda Remates, Homero Tarragô Filho. Ele afirma que a qualidade da oferta desta temporada auxiliará na valorização dos lotes e se refletirá nos investimentos dos criadores para os remates de primavera, que dependem do desempenho das pastagens de inverno.
Temporada de leilões
Remates de outono terão menos terneiros nas pistas gaúchas
Redução nas pastagens contribuiu para a queda na oferta do Estado
Fernanda da Costa
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