Mais de dois anos após a morte de um bovino no Paraná, o fantasma do animal voltou para assombrar governo, empresas de carnes e população brasileira na manhã de ontem.
O susto se deve à confirmação de que o exemplar era portador do agente causador do mal da vaca louca, doença que trouxe pânico mundial nos anos 1990, após o registro de casos em humanos na Inglaterra.
Para esclarecer a situação e tranquilizar o nervosismo de exportadores, o Ministério da Agricultura emitiu uma nota informando que, apesar da identificação do caso "não clássico" - quando o agente causador da doença é identificado, mas a morte ocorre por outros motivos -, em uma pequena propriedade de Sertanópolis, no Paraná, não houve disseminação para a cadeia alimentar e nem a transmissão para pessoas ou outros animais.
- Foi um problema isolado, uma situação inusitada. A causa da morte da vaca foi por um motivo agudo, sem relação com a doença - afirma o secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Enio Marques.
A dúvida era como o agente causador da doença havia sido contraído.
- Se trata de algo espontâneo, não existe uma forma de contágio, ao contrário dos casos na Inglaterra onde os animais eram alimentados com farinha de ossos triturados de animais mortos - explica Paulo Maiorka, professor associado de patologia da USP.
Para o governo brasileiro, a identificação não deverá afetar negociações internacionais, nem mesmo com a Rússia, que recentemente derrubou embargo às carnes do Rio Grande do Sul, do Paraná e de Mato Grosso. Empresas do setor e a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne emitiram comunicados para tranquilizar o mercado. No Paraná, o secretário de Agricultura, Norberto Ortigara, disse que o serviço de defesa sanitário fez os procedimentos determinados pelos acordos internacionais da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE).