Em visita-relâmpago ao litoral sul de Pernambuco nesta terça-feira (22), o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, voltou a dizer que o óleo que atingiu 201 praias nordestinas nos nove Estados da região é venezuelano. Salles afirmou que o governo federal não vai gastar tempo para polemizar ou politizar a questão.
— Nosso trabalho é técnico, nosso trabalho é de dedicação, remoção e identificação do óleo desde o início da crise que afeta todo o Nordeste. Nós não gastamos nem um minuto em polemizar ou politizar esse assunto — afirmou.
Salles desceu de helicóptero na praia de Itapuama, litoral sul do Estado. A visita durou aproximadamente dez minutos. Ele destacou o trabalho de militares do Exército, da Marinha e de servidores do Ibama, ICMBio, de prefeituras e voluntários.
— Nós sabemos que o óleo é venezuelano, mas a investigação é no sentido de como esse óleo chegou na costa brasileira — declarou.
Ele participa na manhã desta terça-feira de uma reunião na Capitania dos Portos, no centro da cidade. Os ministros da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, e o comandante da pasta do Desenvolvimento Regional do Brasil, Gustavo Canuto, também devem chegar a Pernambuco nesta terça.
Nesta segunda-feira (21), dia em que o ministro da Justiça, Sérgio Moro, visitou o estado para detalhamento de um programa de combate à violência, o governador de Pernambuco, Paulo Câmara, disse que o governo federal trata no improviso a questão do óleo que afeta a costa nordestina. O ministro Ricardo Salles não entrou em contato com o governador e nem divulgou oficialmente sua agenda.
Fermando Azevedo e Silva e Gustavo Canuto comunicaram oficialmente a vinda ao estado. O governador deve se encontrar com o ministro da Defesa no fim da manhã e com Canuto no período da tarde.
O ministro da Defesa autorizou o reforço de 5 mil militares da 10ª Brigada de Infantaria Motorizada, sediada no Recife, nas ações desenvolvidas para minimizar a poluição ocasionada pelas manchas de petróleo. O Ministério do Desenvolvimento Regional comunicou ontem que vai disponibilizar equipamentos de proteção individual para as pessoas que atuam na limpeza das praias.
— É o maior acidente ambiental da história do Brasil e não pode ser e não pode ser tratado, depois de 50 dias, da forma improvisada como a gente está vendo nos dias de hoje — criticou, nesta segunda-feira, Paulo Câmara.
Ele disse esperar que, após determinação da Justiça Federal em Pernambuco, o governo Jair Bolsonaro ponha em funcionamento o Plano Nacional de Contingenciamento para Incidentes de Poluição por Óleo.
Câmara fez ainda um clamor para que o governo federal tenha um trabalho mais focado com o objetivo de que as manchas sejam contidas ainda na água.
A cobrança do governador foi feita logo após participação em um evento, no município de Paulista, no Grande Recife, ao lado do ministro da Justiça, Sergio Moro, para detalhamento do programa Em Frente Brasil.
As manchas de óleo que atingem o litoral nordestino desde o dia 30 de agosto voltaram com força a Pernambuco e Alagoas desde a quarta-feira (16) da semana passada. Na quinta-feira (17), o governo de Pernambuco conseguiu capturar uma tonelada de óleo, em São José da Coroa Grande, litoral sul do estado, antes de chegar à areia da praia.
Nesta sexta-feira (18), a praia dos Carneiros, joia do litoral pernambucano, amanheceu coberta por óleo. Um mutirão, que envolveu mais de 500 pessoas, incluindo donos de pousadas, pescadores e servidores do estado e da prefeitura, removeu o material.
No fim de semana, a mancha avançou ainda mais e as praias de Serrambi, Toquinho, Pontal de Maracaípe, Cupe, Muro Alto, em Ipojuca, e Itapuama e Suape, no Cabo de Santo Agostinho, acabaram afetadas pelo petróleo. O óleo invadiu o estuário de quatro rios pernambucanos e o manguezal de Suape.Nesta segunda-feira (21), a mancha chegou até a praia de Itapuama e do Paiva, também no Cabo de Santo Agostinho.
A grande preocupação agora é de que o material chegue à praia de Boa Viagem, no Recife. A prefeitura está mobilizada e planejou uma grande operação para retirada do material. Neste domingo, a Marinha informou que, até o momento, cerca de 900 toneladas do material tinham sido retiradas do litoral. Foram contaminados 2.250 km da costa litorânea nordestina. O dano pode prejudicar o trabalho de 144 mil pescadores e marisqueiros que sobrevivem do mar e dos rios.