Dez dias é o tempo médio de treinamento prático monitorado que os motoristas de ônibus intermunicipais recebem antes de assumir uma rota no Rio Grande do Sul, conforme levantamento feito por ZH com três grandes empresas do setor. Sem uma regulamentação prevista em lei, cabe a cada empresa fixar as próprias diretrizes quanto ao período de adaptação às linhas.
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O motorista do ônibus que tombou na ERS-030 na tarde de terça-feira, causando a morte de seis pessoas e deixando outras 15 feridas, estava há cerca de um mês na Unesul. A empresa, no entanto, informa que Jéferson Padilha da Silva, 38 anos, era experiente e já havia percorrido a ERS-030 em linhas de outras duas empresas pelas quais havia passado entre 2001 e 2012, ambas de transporte coletivo de passageiros da Região Metropolitana.
Para conduzir ônibus intermunicipais, além de habilitação na categoria D ou E, o motorista deve ter curso obrigatório para transporte coletivo de passageiros, com 50 horas-aula. O aluno precisa ser maior de 21 anos, não ter cometido infração grave ou gravíssima ou ser reincidente em infrações médias durante os últimos 12 meses e não estar cumprindo suspensão ou cassação do direito de dirigir. Mas nem Detran nem Daer regulamentam o tempo mínimo que o motorista precisa para se adaptar ao itinerário.
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As empresas consultadas pela reportagem - Ouro e Prata, Planalto e Unesul - informaram submeter motoristas a exames de direção e psicotécnico, além de oferecer de duas a três semanas de instrução teórica, antes das saídas com facilitadores para reconhecimento de rota.
Para o diretor do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários Intermunicipais, Interestaduais, Turismo e Fretamento do RS (Sindirodosul), Antonio José Rubim, o período de prática é pouco:
- A preparação é muito teórica. Deveria ter pelo menos 30 dias de prática com um motorista experiente para que o novo esteja totalmente adaptado ao trajeto.
Outra dificuldade, segundo Rubim, seria a disponibilidade de profissionais no mercado, já que a remuneração tem sido pouco atrativa. O salário base da categoria é R$ 2.072,35 para jornadas de oito horas, com escalas aos finais de semana e feriados.