O primeiro eclipse lunar de 2021 encantou parte do globo terrestre, no final da madrugada desta quarta-feira (26), horário de Brasília, ao tornar a lua avermelhada – popularmente chamada de Lua de Sangue porque o satélite fica completamente na sombra da Terra.
O fenômeno ocorreu durante uma superlua, quando o satélite está próximo de seu perigeu – ponto de sua órbita mais perto da Terra.
Em Porto Alegre e na Região Metropolitana, por exemplo, a lua ficou quase na linha do horizonte Oeste-Sudoeste.
O início do eclipse começou por volta das 6h40min, na Região Metropolitana. Na Capital, a lua estava a tão somente quatro graus de altura, na direção do Lago Guaíba. A observação foi interrompida por volta das 7h09min, no mesmo instante em que nasceu o Sol.
O início da totalidade do eclipse ocorreu às 8h11min (horário de Brasília). De acordo com o astrônomo Luiz Augusto da Silva, integrante da Rede Omega Centauri para o Aprimoramento da Educação Científica, neste eclipse chamou atenção a curta duração da fase total – o período em que todo o disco lunar fica dentro da sombra (ou umbra) terrestre: apenas 15 minutos. Nos eclipses totais mais longos, a fase pode durar quase duas horas, como ocorreu, por exemplo, durante o eclipse lunar de 6 de julho de 1982, quando o fenômeno durou 106 minutos.
O eclipse no Vale do Sinos
A reportagem de GZH acompanhou a observação do fenômeno junto ao físico Érico Kemper, professor no campus Canoas do Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS). Morador de Dois Irmãos, no Vale do Sinos, ele escolheu um cerro no bairro Travessão para visualizar a sombra da Terra cobrindo a Lua. Na região, é possível ter uma visão do município acima do centro da cidade.
O topo da Lua começou a ser coberto antes das 6h45min. Rapidamente, os tons se modificaram, do branco tradicional para o vermelho, o que surpreendeu o especialista.
— Foi mais do que eu esperava. Tivemos tons avermelhados, mesmo com o céu já bastante claro — afirma.
O céu teve uma mistura de tons: azul no extremo mais ao alto, uma faixa vermelha ao centro e o branco na base, somado a neblina que atingiu o Estado desde a madrugada.
A Lua continuou visível por quase meia hora. Próximo ao fim, o contorno se mostrava disforme. Se escondeu no horizonte completamente perto das 7h10min.
— Tem a ver com a distância e o horizonte, por isso fica com essa visão irregular — explica, sobre os instantes finais.
A área escolhida para observação tem uma vegetação no lado oposto da lua. No entanto, em muitas regiões foi possível observar o sol na mesma linha do satélite, segundo Kemper. Com 47 de idade, mais da metade em pesquisas, ele diz ter passado por algo inédito na carreira.
— Ver o eclipse praticamente no mesmo horário em que o sol nasce foi uma experiência única — complementa.
Na área da Fronteira, o espetáculo começou mais tarde. Devido a curvatura da Terra, quem vive em Uruguaiana pôde observar o eclipse perto das 7h30min, fenômeno que se estendeu até mais ou menos 8h.
Próximo eclipse
Depois do fenômeno deste mês, o próximo eclipse lunar ao alcance dos gaúchos acontecerá em 19 de novembro. Ele será um eclipse parcial, porém profundo, com até 97,4% de encobrimento do raio lunar pela sombra da Terra.
Além do Brasil, habitantes de países como Argentina, Chile, Austrália e Nova Zelândia puderam contemplar o evento em sua plenitude.