Lembra que, no futuro, os carros andariam sozinhos, as geladeiras antecipariam a necessidade de comprar leite, avisariam o súper online, encomendariam e tudo seria entregue bem na hora em que você chegasse em casa? (Por um milagre, as máquinas saberiam a hora em que você chegaria em casa.)
Pois foi essa lembrança que me veio à mente na semana passada, quando alguém citou a frase "internet das coisas" dentro do Centro de Convenções Grimaldi, em Mônaco, onde a gigante sul-coreana de tecnologia Samsung apresentava os produtos de 2015 para parceiros, clientes e imprensa da América Latina.
Há uma coisa, pequena e que cabe no nosso bolso, que deve ser a chave para esse mundo futurista se realizar: o celular. Há 10 anos, quando ficávamos bobos com os projetos de casas inteligentes, controlar esses sistemas era difícil. Era preciso entrar em um PC, acessar um site e mandar ar-condicionado e luzes ligarem e persianas abrirem. Na casa, havia um investimento considerável em cabos, estruturas e hardware, que desanimava os mais animados.
Hoje, os smartphones já falam bem com as TVs smart. E ambos são cada vez mais numerosos: em um ano e meio, os celulares com aplicativos superaram, na Samsung, os simplões, de mandar só SMS e fotinho. E 90% das TVs da marca vendidas hoje são capazes de se conectar com a internet.
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Essa dupla deve ser o embrião de uma vida mais parecida com a do começo do texto - pelo menos, é o que acredita a Samsung, que comprou, no ano passado, a empresa que criou o sistema operacional Tizen. Embedado nas TVs, permite várias funções divertidas - games por streaming, sem ter de comprar o console, aplicativos de dança ou simuladores de festa. E o importante: fala a mesmíssima língua dos celulares Android e funciona com aplicativos feitos na linguagem HTML5, usada por todos os desenvolvedores.
Agora, essa conexão facilita mostrar uma foto ou um vídeo do celular no telão - cuja definição está cada vez maior -, mas em seguida pode resolver vários outros problemas. Exemplo banal: quando o despertador do celular toca, a TV já liga no canal de notícias. E se essa conversa for entre a cafeteira e o despertador? Ou o GPS do celular e o ar-condicionado? Você pode acordar com café pronto e chegar em casa com o apê refrescado - porque alguma empresa pequena criou um aplicativo para fazer isso acontecer.
- O custo para ambientes inteligentes é cada vez menor. Não precisa arquiteto, cabeamento, parede quebrada: é tudo por redes sem fio. É uma questão de adaptar produtos e criar software - diz o diretor de marketing corporativo da Samsung Brasil, Roman Cepeda.
Já no segundo semestre deste ano, a empresa começa a vender no Brasil um ar-condicionado controlado por wi-fi: aquilo de ligar antes de chegar em casa. 2016 deve ser o ano em que os brasileiros verão outros produtos, hoje em testes no mercado americano e europeu, equipados com a internet das coisas.
Para a nossa realidade, o vice-presidente de marketing da Samsung para a America Latina, Mario Laffitte, acredita em foco nos aparelhos domésticos mas uma ênfase forte também em eficiência energética - em tempos de crise de água e luz, racionalizar esse gasto eletronicamente é... racional.
- Desejamos que esse futuro chegue até, no máximo, 2020. É a visão da empresa. Mas para isso virar realidade, as plataformas precisam ser abertas, para aumentar o número de desenvolvedores - afirma.
*O jornalista viajou para Mônaco a convite da Samsung