Há quatro meses, Letícia Torquato Pereira, 15 anos, saiu da casa dos avós onde morava no Centro Histórico, em Porto Alegre, e disse que iria até a Usina do Gasômetro. Aquela foi a última vez que a família viu a adolescente. A garota não retornou mais para casa e o celular dela permanece desligado. O desaparecimento é investigado pela Polícia Civil.
Avó materna, com quem a adolescente morava até desaparecer, Dirlei Torquato, 67 anos, diz que o sumiço aconteceu em 18 de setembro, uma sexta-feira. A avó havia saído para ir até um laboratório de fotografia, na Avenida Borges de Medeiros. Logo depois, a neta teria saído da moradia na Rua Demétrio Ribeiro, acompanhada da irmã de 11 anos. As duas foram até a casa da mãe, nas proximidades, mas ela não estava. Na sequência, Letícia deixou a irmã na entrada do laboratório.
— Nem cheguei a conversar com ela. Quando vi, a minha outra neta já estava ali comigo. A Letícia disse para ela que ia até a Usina do Gasômetro, mas não voltou mais. Ela saiu só com a roupa que estava, não levou documentos, nada — descreve Dirlei.
Na segunda-feira (21), os avós maternos, que são responsáveis legais pela adolescente, registraram o caso na polícia. Dirlei diz que soube por amigos da garota que ela esteve um churrasco, naquela noite, após o sumiço. Depois disso, em 23 de setembro à tarde, recebeu um telefonema da neta. Em rápida ligação, a adolescente teria dito que estava bem, na casa de uma amiga, e que regressaria dois dias depois.
— Antes que eu fizesse mais questionamentos, ela desligou bruscamente — diz a avó.
Letícia não cumpriu a promessa de regressar para casa. Segundo a família, a adolescente nunca havia desaparecido dessa forma. Letícia cursa o 1º ano do Ensino Médio, na Escola Técnica Estadual Parobé, mas desde o início do ano estava sem aulas presenciais por conta da pandemia.
Em fevereiro do ano passado, a adolescente ganhou uma viagem para Salvador, na Bahia, pelo aniversário de 15 anos. Ela viajou acompanhada de Dirlei. Depois de tantos meses sem informações, a avó teme que algo grave possa ter acontecido.
— Criei ela desde pequena, era uma relação de mãe e filha. Tínhamos nossos atritos, mas por ser uma adolescente. Pelo tempo que já decorreu, penso que ela caiu em alguma armadilha. Não consigo admitir tanto tempo sem notícias — lamenta.
A última vez que Valéria Beatriz de Carvalho, 67 anos, a avó paterna, teve contato com Letícia foi em 12 de setembro do ano passado, por meio do WhatsApp. O pai de Letícia morreu antes do nascimento dela, vítima de um assalto, mas ela mantinha contato com a família.
— Nunca, isso nunca aconteceu. Ela sempre mantinha contato. Nos últimos tempos, andava mais monossilábica. Mas me respondia. Eu brincava com ela, puxava conversa. Às vezes, para se consolar a gente pensa que ela fugiu. Mas é muito estranho, muito tempo sem dar notícias. Só queremos saber onde ela está — diz a avó.
Os familiares estão mobilizados na internet, pedindo ajuda para encontrar a garota. Eles também procuraram o especialista em criminologia Luan Appel, que passou a acompanhar o caso, em nome da família.
— É muito tempo para uma adolescente estar sumida. Precisamos saber o que aconteceu com ela — afirma.
Investigação
Segundo a delegada Cristiane Ramos, que responde interinamente pela Delegacia de Polícia para a Criança e o Adolescente Vítima, o caso está sob investigação. Em relação ao motivo do desaparecimento, a policial diz que nenhuma hipótese é descartada, mas que prefere não informar detalhes no momento.
— A partir do momento em que a polícia foi procurada pela família, concentramos todos os esforços para ouvir pessoas que tiveram contato com ela. As informações que a família nos apresenta estão sendo todas esgotadas. É uma adolescente. Todas as possibilidades são avaliadas e nenhuma pode ser descartada. Estamos usando todos os meios possíveis para chegar ao paradeiro e ao que efetivamente aconteceu com essa menina — afirma a delegada.
Cristiane reforça o pedido para que quem tiver qualquer informação sobre o paradeiro da adolescente ou possíveis motivos para o desaparecimento entre em contato com a Polícia Civil. As informações podem ser repassadas pelo WhatsApp (51)984440606 ou pelo Disque Denúncia, no 181.
Produção Kênia Fialho