O Rio Grande do Sul vive, nesta sexta-feira (2), mais um dia de queda no total de pacientes com covid-19 internados em leitos clínicos. Na tarde desta sexta, havia pouco mais de 3,5 mil pessoas com a doença nesses leitos — cerca de 200 pessoas a menos em comparação ao dia anterior.
A melhora neste indicador acontece desde 12 de março, quando foi registrado o pico de internações clínicas, com 5,4 mil pessoas nessa situação. Desde lá, a queda foi de 35%.
A queda nas internações em leitos clínicos reflete outra redução, a de novas pessoas contaminadas, dia a dia, pela covid-19. O número de novos casos vem caindo desde o início de março.
UTIs seguem em colapso
Até o momento, a redução de casos e de internações em leitos clínicos não foi suficiente para desafogar as UTIs. Epidemiologistas têm explicado, ao longo da pandemia, que o esvaziamento das UTIs e a redução nos óbitos são os últimos indicadores a registrar melhora.
No fim da tarde desta quinta, havia 2,4 mil pacientes com covid-19 em UTIs. Este número oscila, no alto da curva, entre 2,3 mil e 2,6 mil, há mais de três semanas, sem queda consistente.
O colapso se reflete na existência de listas de espera por leitos de UTI, tanto na regulação estadual, quanto nas municipais. Apenas em Porto Alegre, são 171 esperando um leito intensivo, conforme o painel municipal.
Ocupação geral de UTIs volta a ficar abaixo de 100%
Um indicador que tem apresentado melhora é o de ocupação geral de leitos de UTI, passando pelo segundo dia consecutivo abaixo de 100%. No fim da tarde, o indicador marcava 98%, com 59 leitos livres.
Regionalmente, contudo, 14 das 21 áreas do Estado registram ocupação de leitos de UTI acima de 100% - na rede pública, na privada ou em ambas. Quando o indicador passa de 100%, significa que há algum grau de improvisação no atendimento, com pacientes sendo tratados de forma intensiva fora das salas de UTI.
O diretor do Departamento de Regulação da Secretaria Estadual da Saúde, Eduardo Elsade, explica que as listas de espera seguem existindo quando há poucos leitos livres, pois as vagas que surgem são mantidas disponíveis para atender os pacientes em situação mais grave.
– A lista de transferência para UTIs tem uma classificação de risco. Não transferimos todos da lista, imediatamente, pois podem surgir pacientes mais graves que precisam desses leitos. A gente vai transferindo aos poucos, com os que ficam em situação mais grave – diz o gestor estadual da regulação de leitos.
Conforme Elsade, também é considerada a fragilidade de cada paciente para ser transportado longas distâncias, em uma ambulância, até a cidade onde há leito disponível.
– A gente procura resolver a situação do paciente na região dele, para não viajar, não ter risco de instabilidade durante a viagem. Tem pacientes que não aguentam uma viagem para muito longe. A gente procura não encaminhar os pacientes para mais de 200 km de distância. Melhor é resolver a internação perto, por questões logísticas – complementa Elsade.
Para o diretor de regulação, o cenário atual ainda é de “esgotamento”, classificação que ele considera adequada até que o índice geral de ocupação de leitos de UTI fique abaixo de 90%. É quando o indicador está acima de 90% que o Estado ativa o último nível de restrições do plano estadual de contingência hospitalar, restringindo ao máximo os atendimentos e estendendo as unidades intensivas para fora das salas de UTI.