Na terça-feira (24), o ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), revelou voto favorável ao pedido que obriga o governo federal a apresentar em até 30 dias o plano de vacinação contra o coronavírus no Brasil. No entanto, para o diretor da Sociedade Brasileira de Imunização (SBIm), Renato Kfouri, o plano poderá sair antes do previsto — ele acredita na possibilidade de divulgação do relatório em 10 ou 15 dias.
Segundo Kfouri, em entrevista ao jornal Em Ponto, da GloboNews, ainda não há conhecimento oficial sobre os resultados dos estudos clínicos da fase 3, e que isso é crucial para definição de políticas para o plano de imunização. Nesse contexto, ele ressalta que, desde o final de agosto, o Ministério da Saúde discute todos os aspectos da implantação do programa, que vão desde avaliações epidemiológicas até planejamento de tecnologias para operacionalização da vacina.
Kfouri afirmou que haverá reunião na semana que vem para a finalização do plano.
— Uma coisa é termos 10 milhões de doses, outra coisa é termos 50 milhões. Uma coisa é termos uma vacina que vai bem nos estudos de fase 3, em idosos também, e outras que nem tanto. (...) É um cenário dinâmico e feito em cima de possibilidades. Tudo depende da vacina, da quantidade e de toda a logística de acondicionamento e transporte.
Em relação à obrigatoriedade de vacinação, Kfouri afirma que esta não deve ser uma discussão necessária em um primeiro momento. Ele diz ser um objetivo distante.
— Só se pensa em obrigatoriedade se você quer imunidade esterilizante, como vacinar 90% da população para impedir circulação do agente na comunidade. Isso criaria uma população imune suficiente para interromper transmissão do vírus, mas não é o objetivo da campanha no primeiro momento.
Nesta semana, dados preliminares apontaram até 90% de eficácia na vacina de Oxford, da AstraZeneca. A imunização é a única que já tem acordo fechado com o governo federal para compra e distribuição no país. A farmacêutica deve encaminhar em breve os resultados à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para obter a autorização de uso emergencial do imunizante no país.