O Hospital Pompéia, de Caxias do Sul, chamou a atenção na semana passada para as dificuldades enfrentadas no atendimento aos pacientes por causa da superlotação. No Geral, a ocupação na manhã desta quinta-feira (22) estava em 85%. Enquanto há baixa disponibilidade de leitos nos dois principais hospitais na rede pública de saúde do maior município da Serra, outras instituições de saúde enfrentam ociosidade na maior parte do ano.
É o caso do Hospital Fátima, de Flores da Cunha. Segundo a administradora, Andreia Francescato Vigatti, a taxa média de leitos desocupados é de 40%. São 51 leitos e uma equipe de 52 médicos disponível para atender até mesmo a especialidade buco-maxilo-facial. Conforme Andreia, há pelo menos três anos a instituição oferece ao Estado a ampliação da área de atendimento SUS, que hoje se restringe a Flores da Cunha e Nova Pádua. Até agora, nenhum retorno.
O Hospital São João Bosco, de São Marcos, também já ofereceu o serviço especificamente para Caxias do Sul, conforme o diretor do hospital, Rogério Vitor Soldatelli. Dos 75 leitos disponíveis, 60% ficam ociosos em média. De acordo com Soldatelli, parte deles terá de ser desativado no ano que vem, caso a utilização permaneça baixa.
Esses dois hospitais têm capacidade para atender baixa e média complexidade, mesma situação da instituição de Carlos Barbosa. Administrado pelo grupo Tacchini, o Hospital São Roque tem 21 leitos disponíveis para o SUS. A média de ociosidade é de 25% a 30%. Conforme o superintendente executivo Hilton Mancio, existe a condição e o interesse em oferecer mais vagas para a região. "Existe um custo fixo instalado que não está sendo utilizado", afirma. Porém, ele destaca que isso depende de autorização do município, já que a prefeitura tem gestão plena da saúde.
É justamente com as novas administrações municipais que a 5ª Coordenadoria Regional de Saúde (CRS) pretende discutir o assunto a partir de 2017. Segundo a titular da CRS, Solange Sonda, a pactuação com os municípios precisa ser discutida. Quer dizer: se esses hospitais vão receber pacientes, é necessário decidir quem vai pagar a conta. Falta ainda verificar também quais hospitais têm interesse e capacidade de atendimento. De acordo com Solange, cerca de 20 instituições têm média complexidade. Elas estão localizadas nos 49 municípios abrangidos pela Coordenadoria, que inclui cidades que ficam em outras regiões, como Feliz e Bom Princípio, no Vale do Caí.
Ainda assim, Caxias seguirá com a particularidade de atender alta complexidade. Em Bento Gonçalves, onde o Tacchini também atende alta complexidade, não tem leitos disponíveis, por exemplo.