O nevoeiro visto na manhã desta quarta-feira (5) em Porto Alegre — que prejudicou a visibilidade de motoristas e chegou a interromper por três horas o serviço de voos no aeroporto Salgado Filho — pode até se repetir em setembro, mas não com a mesma intensidade, prevê a Somar Meteorologia.
Mais frequente em maio e junho, o fenômeno ocorre por causa da queda de temperatura: hoje pela manhã, a mínima na Capital ficou em 9ºC. De forma menos intensa, ainda há condição para formação de neblina ao longo da semana, principalmente na quinta-feira (6), quando a mínima deve se repetir. Depois, a estimativa é de que o frio diminua: na sexta (7) e no sábado (8), os números sobem para 11ºC e 14ºC, respectivamente, e o clima fica um pouco mais quente.
Apesar de se formar com mais facilidade nos meses frios, a neblina ainda pode aparecer até que o tempo se firme com a chegada do verão, em dezembro. Conforme o meteorologista Eduardo Gonçalves, dias frios e quentes irão se intercalar até a primavera, em 22 de setembro.
— É uma estação de transição, em que a gente vai ver frio e calor. Mas um nevoeiro tão intenso como o de hoje não deve se repetir — afirma.
Manhã de transtornos no Salgado Filho
Com o serviço de pousos e decolagens interrompido por três horas, a Fraport, que administra o aeroporto, contabiliza que pelo menos 56 voos foram prejudicados: 28 de partida, 20 de chegada e oito que foram cancelados.
Segundo a Somar, por volta das 9h, a neblina indicava visibilidade de 200 metros na região do aeroporto, insuficiente para o serviço de pousos e decolagens no Salgado Filho. A tecnologia que opera desde 2014 no local, conhecida por Instrument Landing System 2, ou ILS 2, só é eficaz quando a neblina está a até 400 metros: essa é a visibilidade mínima exigida para que o piloto tenha contato visual e pouse em segurança. Antes, o Salgado Filho operava com o ILS 1, que permitia operar com visibilidade de 800 metros.
Conforme o professor do curso de Ciências Aeronáuticas da PUCRS, Elones Fernando Ribeiro, a ferramenta indica, por meio de ondas, o alinhamento da pista e o ângulo para planeio.
— Temos uma boa ferramenta aqui. É claro que, se migrassemos para o ILS 3, que permite o pouso em uma cerração ainda mais fechada, seria melhor. É a tecnologia que temos em Guarulhos (SP), por exemplo — afirma.
Um balanço divulgado no primeiro mês de instação do ILS 2, em 2014, indica que o Salgado Filho interrompeu o serviço de pousos e decolagens por 7h15min. No ano anterior, o período fechado havia somado 19h15min. GaúchaZH entrou em contato com a Fraport, que administra o aeroporto, e questionou sobre a frequência de ocorrências de neblina neste ano, e aguarda retorno.