A viagem de no máximo um hora no trem que liga Novo Hamburgo a Porto Alegre pode se tornar desconfortável com situações que fazem parte da rotina dos usuários. Uma disputa acirrada para obter um lugar para sentar começa a partir do momento em que o transporte para e o sinal de portas se abrindo é acionado. É cada um por si, não importa se há idosos, crianças ou gestantes no meio do amontoado de gente. Vozes em tons altos e músicas de celulares sem fones de ouvidos ecoam pelos vagões. Na manhã de quinta-feira, a reportagem de ZH constatou que a falta de etiqueta é um problema – não por acaso, a Trensurb promove uma campanha para minimizar essas situações.
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O embarque e o desembarque nos terminais Mercado e Novo Hamburgo são turbulentos: todo mundo quer garantir o conforto dos bancos de cor laranja, destinados ao público geral – os preferenciais, para idosos, gestantes, pessoas com deficiência e com crianças de colo, são azuis –, formando aglomerados em frente às portas até que elas se abram.
– É como uma cavalaria! – define a doméstica Beatriz Vieira da Silva, 50 anos, que há mais de uma década usa o trem para ir de Canoas a Porto Alegre. – Esses dias, um cara quase me derrubou só para pegar um lugar.
Em um vagão lotado, que seguia em direção à Estação Mercado, uma menina, sentada e concentrada no caderno de exercícios, se sentia incomodada com a pessoa que escorava o corpo no topo do banco, pegando na nuca e na cabeça da garota, que, sutilmente começou a esticar os braços para que o ser percebesse que estava ocupando um espaço que não era seu.
– Fica todo mundo aglomerado. Alguns escorados nos bancos e outros, na frente da porta, trancando a passagem – desabafa a estudante Karine dos Santos, 17 anos. – Fora quem senta de perna aberta, né? Tem bancos de seis lugares, mas, às vezes, só sentam quatro porque o pessoal acha que está no sofá de casa.
Vendedores e pedintes são comuns nas viagens
Assentos preferenciais são ocupados por outras pessoas enquanto não há passageiros com direito a usar os lugares reservados. Quando um idoso surge, por exemplo, alguns fingem não ver. Se há um jovem sentado no banco azul, a aposentada Maria Benilda Weis, 77 anos, reclama:
– Peço para a pessoa se levantar. Se deixa isso quieto, essas pessoas se fazem de loucas, e os velhos ficam pendurados no pega-mão para não cair.
No trajeto, os passageiros são surpreendidos por vendedores e pedintes. Situações como essa já foram presenciadas pela síndica Ana Brito, 43 anos, usuária do transporte há quatro anos, que já viu desde mendicância a crianças vendendo nos vagões:
– É um negócio. Já ouvi chamarem o trem até de shopping.
Apesar disso, a Trensurb destaca que o comércio de mercadorias dentro do trem não é permitido. Até o dia 30, a empresa promove a Campanha Etiqueta Urbana, que busca conscientizar os passageiros das normas de conduta no transporte para uma viagem segura e confortável. Guias com dicas de convivência no metrô são distribuídos da Estação Aeroporto, às 14h, em direção à Estação Mercado ou a Novo Hamburgo.
Etiqueta trensurbana
– Não obstrua as portas e encontre um lugar ao longo dos carros
– Mantenha-se à direita nas escadas e ao entrar e sair dos trens
– Evite sentar-se no chão
– Respeite os bancos preferenciais
– Ao escutar música, use fones de ouvido
– Retire a mochila das costas
– Ao ler, não invada o espaço alheio
– Jogue o lixo na lixeira
– Não encoste-se na barra. Segure-a somente com as mãos
– Não fique no trem no desembarque final
– Não ande de skate nas estações