Casas improvisadas estão se proliferando sem controle às margens do Arroio Dilúvio, em plena Avenida Ipiranga, uma das vias mais movimentadas de Porto Alegre. Antes concentrados sob as pontes, os moradores de rua agora erguem seus lares também ao longo do riacho, aproveitando os taludes como piso ou parede.
Nesta semana, ZH percorreu os cerca de 12 quilômetros do córrego e localizou ao menos 15 agrupamentos, parte deles de casebres levantados nos taludes. De acordo com especialistas, há um fenômeno de migração dos sem-teto do centro da cidade para as imediações do Menino Deus, por onde passa o Dilúvio. Entre as vantagens está a proximidade das sinaleiras da Avenida Ipiranga, onde vários pedem doações aos motoristas.
Ao se instalar na beira do riacho, os moradores de rua também evitam confrontos com cidadãos melhor estabelecidos - em um caso recente, moradores de um prédio da Cidade Baixa provocaram polêmica ao instalar uma grade na calçada para afastar pessoas que dormiam no local.
Nos taludes, os sem-teto encontraram um espaço desocupado, em que não são hostilizados e ainda contam com a tolerância das autoridades. Para o sociólogo Ivaldo Gehlen, estudioso do assunto, a migração para a zona do arroio pode significar um desejo de parte da população de fixar-se em um lugar.
- Não significa necessariamente sair da rua, mas mudar a maneira de viver. No Centro, foram criadas dificuldades, porque ali era um lugar visto como inapropriado para a presença deles - avalia o sociólogo.
Loteado
Aumentam lares de moradores de rua à beira do Arroio Dilúvio
ZH percorreu os cerca de 12 quilômetros do córrego e localizou, ao menos, 15 agrupamentos
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