Enroladas e escondidas desde que a Operação Lava-Jato engoliu seus principais líderes, as bandeiras vermelhas do Partido dos Trabalhadores voltaram a balançar com orgulho na praça da Matriz, na tarde desta terça-feira, com a posse de Edegar Pretto como novo presidente da Assembleia Legislativa. Com a presença de figuras históricas do PT no plenário, como os ex-governadores Olívio Dutra e Tarso Genro e o ex-ministro Miguel Rossetto, o deputado afirmou que ser chefe de um Poder é diferente de ser apenas oposição, e garantiu que decisões serão tomadas pelos líderes dos partidos e cumpridas pela presidência.
A posse de Pretto na Assembleia, integrante de um partido que faz oposição ao governador José Ivo Sartori na Casa, acontece em meio à votação do pacote de ajuste fiscal proposto pelo Piratini. No discurso de estreia, o deputado optou por um tom conciliador, em que ressaltou a trajetória do pai, o ex-deputado Adão Pretto, morto em 2009, e a necessidade de diálogo "em um momento de crise política e econômica de desfecho ainda incerto."
Minutos antes, havia sido eleito com 46 votos favoráveis. Apenas o deputado do PP Marcel van Hatten foi contra. Sete deputados não compareceram. Além de Pedro Ruas (PSOL), que está com o pai hospitalizado por conta de um Acidente Vascular Cerebral (AVC), também se ausentaram Stela Farias (PT), Marlon Santos (PDT), Luiz Augusto Lara (PTB), Any Ortiz (PPS), Pedro Pereira (PSDB) e Lucas Redecker (PSDB).
– O parlamento gaúcho está desafiado a assumir causas merecedoras de grandes debates, a dialogar e contribuir na busca de alternativas para superação de grandes problemas que afetam a sociedade gaúcha – afirmou Pretto no discurso.
O tom ameno adotado pelo deputado petista contrastou com o comportamento dos presentes nas galerias da Assembleia. Integrantes de sindicatos e movimentos sociais que acompanhavam a cerimônia não economizaram vaias contra Sartori, o vice José Cairoli e o prefeito de Porto Alegre Nelson Marchezan.
Na parte de fora da Assembleia, centenas de pessoas aguardavam Pretto para uma "posse popular". Com gaita e violão, músicos, trabalhadores rurais, sindicalistas e apoiadores do deputado cantavam:
– Capitalismo nunca foi de quem trabalha. Nossos direitos, só a luta faz valer.