O coordenador da força-tarefa da Operação Lava-Jato, procurador Deltan Dallagnol, afirmou nesta quinta-feira que "dinheiro público foi convertido em sapatos e em roupas de grife", em referência à lavagem de dinheiro atribuída à Cláudia Cruz, mulher do presidente afastado da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Cláudia Cruz é ré em ação penal por lavagem de dinheiro e evasão de divisas por decisão do juiz federal Sergio Moro, que acolheu denúncia criminal da Procuradoria da República.
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Na denúncia, a Procuradoria sustenta que "mais de US$ 1 milhão" foram lavados por Cláudia, inclusive por meio da aquisição de artigos de luxo no exterior. O dinheiro, afirmam os procuradores, teve origem em propina que Eduardo Cunha teria recebido em uma transação da Petrobras na África.
"Essa propina foi recebida pelo Eduardo Cunha numa conta no exterior e essa propina foi passada para outra conta que era escondida no exterior por Cláudia Cruz. Cláudia Cruz cometeu dois tipos de lavagem de dinheiro com base nesse dinheiro, mais de US$ 1 milhão. Um tipo de lavagem de dinheiro foi pela ocultação no exterior desses mais de US$ 1 milhão que são fruto de propina, propina recebida pelo marido Eduardo Cunha. A outra lavagem de dinheiro foi a conversão desse dinheiro em bens de luxo. Dinheiro público foi convertido em sapatos e roupas de grifes" afirma a denúncia.
A defesa de Cláudia Cruz disse que ela responderá às imputações como fez até o momento, colaborando com a Justiça e entregando os documentos necessários à apuração dos fatos. Destaca que não tem qualquer relação com atos de corrupção ou de lavagem de dinheiro, não conhece os demais denunciados e jamais participou ou presenciou negociações ilícitas.