A justificativa apresentada pelo superintendente geral da Assembleia Legislativa, Artur Souto, para as denúncias que resultaram no indiciamento dele e do presidente da Casa, Gilmar Sossella (PDT), por formação de quadrilha causou revolta entre os servidores efetivos do parlamento gaúcho. Em entrevista ao Gaúcha Atualidade, Souto afirmou que o caso é uma retaliação de servidores descontentes com a implantação do ponto eletrônico, em vigor desde julho deste ano, que ampliou o controle sobre a efetividade no trabalho.
A Associação dos Servidores Efetivos da Assembleia Legislativa nega esta versão e defende, inclusive, a ampliação do ponto eletrônico para os demais servidores, como cargos de confiança e estagiários.
"Queremos cada vez mais controle sobre a atuação dos servidores. Lamentamos profundamente a pressão exercida sobre os servidores para a compra dos convites", afirma o presidente da associação, Roberto Lima. Para ele, Sossella e a cúpula da Assembleia foram indiciados porque o inquérito reuniu provas robustas do crime eleitoral praticado pelo gabiente do presidente.
Vítimas da pressão exercida por emissários de Sossella também voltaram a procurar a Rádio Gaúcha para rebater as afirmações de Souto. Para um dos servidores, o superintendente "debocha" da opinião pública. "Houve sim coação fortíssima. Ficamos com medo de todo tipo de represália".
Segundo esta vítima, a venda de apenas 19 convites, argumento de Souto para demonstrar que não houve coação, só não foi maior porque o caso veio à tona em nota na coluna da jornalista Rosane de Oliveira, na edição do jornal Zero Hora de 29 de agosto. "Era a data-limite da administração Sossella para que os servidores contribuissem".
O mesmo servidor afirma ainda que em outras administrações na presidência da Assembleia, de diferentes partidos, jamais houve prática semelhante. Ainda cita que o retorno de Souto para a superintendência geral no começo desta semana causa grande desconforto entre servidores. "Causa desconforto porque ele tem poder de comando sobre as pessoas que foram até a Polícia Federal e falaram a verdade".