Os três homicídios registrados na quinta-feira (8) em Caxias do Sul aparentam ter sido motivados por disputas pelo tráfico de drogas. Os ataques que aconteceram nos bairros Reolon e Vila Ipê não parecem estar relacionados, mas a motivação é um alerta para as forças policiais. A maior cidade da Serra contabiliza 27 assassinatos em 2021. Como comparação, eram 25 mortes por violência no mesmo período do ano passado.
O caso mais recente aconteceu na noite de quinta-feira, em uma residência que também era utilizada como um bar na Rua das Arapongas, no Vila Ipê. Matheus Santos da Silva, 25 anos, e Lucas Eduardo Mariano, 22, foram executados com tiros de pistola calibre .380.
— Já temos uma linha de investigação, porque as primeiras informações apontam que esta casa, que era um local onde se reuniam para conversar e tomar cerveja, também funcionava como um ponto de venda de drogas. No mínimo, dois indivíduos participaram do ataque —aponta o delegado Caio Márcio Fernandes, da Delegacia de Homicídios.
Segundo a Polícia Civil, Silva não possuía antecedentes criminais, enquanto Mariano tinha registros como adolescente infrator. O delegado Fernandes pondera que é difícil determinar se os dois rapazes eram o alvo do ataque homicida.
— Por vezes, o alvo não é a pessoa, porque o ataque é direcionado ao ponto (de tráfico). Então, as pessoas que estavam no momento lá são alvejadas sem ser, necessariamente, alvos determinados. Podiam apenas estar no local errado. Ainda verificamos em que condições eles estavam por lá — avalia.
Das 27 vítimas de assassinatos em Caxias do Sul neste ano, 10 tinham 25 anos ou menos. Essa faixa etária costuma ser a maior vítima de homicídios justamente pelo seu envolvimento com o tráfico de drogas. Os números não chamam atenção da Delegacia de Homicídios.
— Para uma cidade de 500 mil habitantes e que sabemos que há um tráfico elevado, não considero um número elevado. Este ano está bem constante, os meses seguem a mesma tendência (média de oito assassinatos). O que difere é que a maioria das mortes não está ligada com a traficância. É um bom sinal, que estamos conseguindo realizar um combate efetivo ao tráfico e suas disputas de poder — afirma o delegado Fernandes, relatando que a maioria destes crimes foram motivados por relacionamentos interpessoais ou outras motivações isoladas:
— São casos que começam e terminam apenas entre os envolvidos. O que torna praticamente impossível a intervenção da polícia. Não temos como prever ou antecipar.
O outro crime de quinta-feira (8) aconteceu ainda na madrugada, quando Kauã Pereira de Brito, 17, foi executado com um tiro no rosto no bairro Reolon. Como ele é menor de idade, o caso está sob investigação da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA).
— Ouvimos algumas pessoas e fizemos diligências de local. Ele estava morando com outro amigo naquela casa. Ainda buscamos detalhes sobre a autoria. Esperamos nos próximos dias ter uma resposta mais certa — comenta a delegada Thalita Andrich.
ASSASSINATO DE JOVENS:
20 de janeiro - Flávio Henrique dos Santos, 19, foi encontrado amarrado em uma estrada do interior. Ele foi executado com quatro tiros na cabeça.
21 de janeiro - Alessandra Domingues Pereira, 24, foi morta com um tiro na cabeça próximo a um campo de futebol do bairro Cânyon.
24 de janeiro - Pedro da Silva, 16, estava em um grupo de amigos no bairro De Lazzer quando foi baleado. O relato é que os tiros saíram de um matagal próximo.
5 de fevereiro - Jeison Finger, 23, foi encontrado morto com um tiro na cabeça ao lado de um carro roubado no Cidade Nova.
6 de fevereiro - Eduardo da Silva Rodrigues, 25, foi morto a tiros na via pública na Rua Emílio Fonini, no Cinquentenário.
19 de fevereiro - Wagner de Azevedo, 22, foi morto com um tiro na cabeça após bandidos invadirem uma moradia da Rua São Sebastião, no Centenário.
24 de fevereiro - Henrique Camícia, 21, foi executado a tiros dentro da empresa em que trabalhava no Diamantino.
10 de março - Pedro Henrique Neto, 23, foi morto com um tiro na nuca na cracolândia do Morro do Sabão, no Primeiro de Maio.
30 de março - Luis Henrique Soares da Silva, 16, morreu em confronto com policiais durante buscas a suspeitos de um latrocínio em Galópolis.
1º de abril - Gilberto Oliveira da Costa, 19, foi assassinado com dois tiros na Rua Favo de Mel, no Belo Horizonte.
8 de abril - Kauã Pereira de Brito, 17, foi com um tiro no rosto em um local conhecido pelo tráfico de drogas no bairro Reolon.
8 de abril - Lucas Eduardo Mariano, 22, e Matheus Santos da Silva, 25, foram assasinados durante ataque a um bar que seria ponto de venda de drogas no Vila Ipê.