Duas missas ainda mais especiais para quem foi a Caravaggio, em Farroupilha, na manhã dessa quinta-feira (26), as celebrações das 9h e das 10h30min foram ministradas, respectivamente, pelo ex-bispo de Caxias do Sul, dom Alessandro Ruffinoni, e pelo atual do município, dom José Gislon. Emocionados, fiéis acompanharam atentamente as palavras faladas no encontro que marca o retorno da Romaria presencial desde o início da pandemia.
A auxiliar de confeitaria, Marcia Moraes, 46 anos, veio de ônibus de Flores da Cunha até a Rodovia dos Romeiros, onde caminhou por 2h. Chegou a tempo de ver a missa realizada por dom Ruffinoni, a qual achou muito bonita.
— Foi muito bom. A gente está precisando mesmo de paz lá na Ucrânia e pelo fim da pandemia — comentou a fiel.
Pois foram as duas questões abordadas pela Marcia que conduziram as falas dos bispos. Para dom Ruffinoni, o Santuário é o local ideal para encontrar a fé em meio à natureza.
— O povo vem com muita fé, para agradecer, para pedir, vem para rezar e aqui encontra um ambiente de paz. Você respira a paz, onde se vê a natureza ao redor. Isso tudo ajuda a encontrar um pouco de paz, tudo aquilo que o povo precisa, além da saúde. E hoje, nessa romaria, especialmente, a pedido do papa, pedimos a paz no mundo, porque, infelizmente, nós homens e mulheres, ainda não aprendemos a dialogar, e os desentendimentos às vezes se transformam em armas, que deveria ser uma coisa fora da época — informa o ex-bispo.
Na sua visão, depois de nove anos à frente da Diocese caxiense, e agora morando no Santuário de Caravaggio, o local ainda precisa de algumas melhorias nos acolhimentos dos fiéis em dias de chuva.
— Vi três mulheres e conversei com elas, estavam comendo sanduíche sentadas em uma janela, falta um restaurante mais perto, fechado, para conseguirmos receber melhor essas pessoas — defende.
Mas, assim como dom Ruffinoni, o atual bispo de Caxias, dom José Gislon pontua que o tempo instável não foi um impeditivo para os devotos de Nossa Senhora de Caravaggio prestarem suas homenagens, além de fazerem seus pedidos e agradecimentos.
— É claro que nós esperávamos um tempo de sol bonito, mas o que não falta é a fé no coração do povo de Deus, que mesmo com esse tempo, se colocou no caminho do Santuário. Quando a gente vem ao Santuário, a gente nunca vem sozinho. A gente pode até caminhar sozinho, mas nunca estamos sozinhos, trazemos nossos corações, nossas motivações — ressalta dom Gislon.
Ele acredita que a Romaria deste ano tem algo mais especial: mais agradecimentos que pedidos, após as dificuldades enfrentadas pelas pessoas durante a pandemia da covid-19.
— Depois do que estamos passando como humanidade, fomos reeducados a agradecer. Esse período fez com que a gente olhasse a vida e também nos fizesse agradecer. Tantas coisas acontecem na nossa vida, mas a gente esquece de agradecer, e quando a vida está frágil e a gente percebe que está por um fio, a gente consegue se reerguer, caminhar e agradecer — finaliza.