A simplicidade, o exemplo de homem comunitário e a vocação para os negócios de Lourenço Darcy Castellan são lembrados por quem presta as últimas homenagens ao empresário, na manhã dessa segunda-feira (4), em Flores da Cunha. O empresário, um dos mais bem sucedidos da Serra, fundador e presidente emérito da Florense, uma das marcas de móveis mais bem conceituadas do país, morreu no domingo (3), aos 92 anos, por complicações no estado de saúde — a causa da morte não foi divulgada oficialmente.
O velório, na capela da família, dentro da propriedade que ocupa uma quadra no Centro da cidade e restrito a pessoas de sua intimidade, teve início ainda na noite de domingo e segue até a tarde dessa segunda-feira, quando o corpo será cremado, em Caxias do Sul.
Amiga da família, a psicóloga Suzana Rossetto Roldolfo, 66 anos, cresceu junto de Eliana, uma das filhas de Castellan, e lembrou da preocupação do empresário com os estudos dos filhos:
— Seu Lourenço nos levava à escola, no Cristóvão de Mendonza, em Caxias. Sempre muito ético em todos os sentidos, foi um aprendizado conviver com ele. Um vanguardista além do tempo, quem passou pela empresa dele certamente montou sua própria empresa. É uma perda irreparável, a gente sabe que isso faz parte do tempo, mas essa lógica se inverte, sentimos que são sementes que não poderiam parar de germinar.
O pedreiro Cedir Bassani, 62, não teve acesso ao velório, mas fez questão de prestar uma última homenagem ao ex-chefe. Vigilante por sete anos nas empresas e, inclusive, na casa de Castellan, lembrou com carinho da época em que trabalhou para a família, mesmo que 30 anos atrás.
— Ele me pedia para fazer fogo na caldeira, para esquentar a casa. Em Flores da Cunha, foi o maior, todo mundo sente a perda. Foi um homem que começou do nada e é um exemplo para a comunidade — declarou o ex-empregado.
Perda sentida também pelos vizinhos. O aposentado Rodolfo Baggio, 79, que mora nas redondezas, lembrou do convívio com o empresário:
— Ele fez muita coisa para Flores, deu comida para muita gente. Conheci ele na colônia, ele vinha vender rádio e pilha na propriedade da minha família. Sempre teve espírito para os negócios. Quando eu era caminhoneiro, trouxe muita areia para ele construir a casa. Nós perdemos um grande amigo que sempre fazia pelo bem, um baita cidadão.
O afilhado de batismo de Castellan, Wolmar Neri Polo, 68, lembrou do quanto o empresário empregou muitas pessoas, inclusive ele:
— Trabalhei para ele, eu visitava ele quando trabalhava na fábrica, sempre me recebia. Me deu muito serviço, ajudou muito minha família.
O legado como empreendedor e impulsionador do trabalho também foi lembrado por Kalil Sehbe, amigo da família e diretor financeiro do Badesul.
— Mais que um líder empresarial, um cidadão de bem, que tinha muito carinho pela minha família. Seu Lourenço foi aluno da minha mãe no Frei Caneca, ele sempre me dizia isso. Não esqueço do carinho dele por essa capela, me mostrava detalhe por detalhe nas nossas visitas, mas principalmente o carinho dele por reconhecer a educação de ter sido aluno da minha mãe. Ele era uma referência da política e do empreendedor do bem. Pessoas como o Lourenço deixam legados, é um homem responsável por milhares de empregos — destacou.