O esvaziamento das ruas indica que a população entendeu o risco e a gravidade que a propagação do coronavírus representa atualmente. Ainda assim, diante do aumento de número de casos em todo o mundo, muitas pessoas não conseguem conter o ímpeto de sair de casa, contrariando a principal orientação de momento, o isolamento social, e movimentam farmácias ou procuram instituições de saúde.
Para piorar, a mudança climática e de estação gera, tradicionalmente, o aumento de situações como resfriado e alergias, o que em tempos de coronavírus pode causar a paranoia em parte da população.
Justamente visando evitar que no mero surgimento da tosse, espirros e coriza, pessoas procurem os serviços médicos em uma época que demanda atendimento prioritário, profissionais de saúde passaram a aderir a campanhas em redes sociais, se colocando à disposição para tirar dúvidas.
Especialmente desde quinta-feira passada (19), médicos de diferentes especialidades publicam em seus perfis virtuais postagens informando a disponibilidade para orientar a população.
— Neste momento, a melhor orientação é o paciente ficar em casa e não se expor no hospital. Caso seja outra infecção de via aérea superior ele fica exposto e num ambiente hospitalar corre risco de contrair o coronavírus. Por isso, se está com sintomas de via aérea superior, fica em casa, contata a gente que damos orientação — comenta a otorrinolaringologista, Thairine Reis de Oliveira.
Desde que publicou pela primeira vez, na sexta-feira (20), Thairine recebeu questionamentos de pessoas que a seguiam nas redes sociais.
— Foram só quatro pessoas, até agora. Mas meus irmãos também são médicos e muitos outros profissionais que eu conheço aderiram. E se cada um conseguir esclarecer as dúvidas, mesmo que um número baixo de pessoas, ainda sim, serão menos pacientes que aguardarão numa sala de espera — complementa.
Embora não atue diretamente na área atualmente, a gastroenterologista Rafaelle Furlan já trabalhou como clínica médica por cerca de sete anos e também aderiu ao movimento. Desde quinta-feira, quando publicou pela primeira vez, ela afirma que pelo menos 15 pessoas a procuraram para tirar dúvidas.
— Na realidade tudo começa no nosso juramento, quando assumimos os atos de sermos médicos e nos dispusemos a ajudar a população, independente de qualquer coisa. Isso me motivou e acredito que meus colegas médicos. O amor que temos pela profissão e pelas pessoas. Nos sentimos responsáveis a ajudar de qualquer forma numa situação comos essa — destaca.
Ela reitera a importância de profissionais da saúde com conhecimento em sintomas respiratórios aderirem a campanha como forma de facilitar especialmente plantonistas de pronto-socorros e hospitais que recebem alta demanda no período.
— O esclarecimento acalma a população e dessa forma permite haver atendimento mais direcionado para casos mais urgentes em hospitais — explica.
Na última quinta-feira (19), o Conselho Federal de Medicina (CFM) encaminhou ofício ao ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, informando a decisão de reconhecer a possibilidade e a eticidade de uso da telemedicina no país em caráter excepcional e enquanto durar o combate à epidemia de COVID-19.