Personalidade mais influente no país pelos próximos 60 dias, o técnico da Seleção Brasileira, Luiz Felipe Scolari, mostrou destempero em pleno Santuário de Caravaggio, em Farroupilha, no domingo. Incomodado pelo assédio de jornalistas da região na chegada ao Santuário, na manhã de domingo, Felipão lascou o clássico xingamento contra o fotógrafo Roni Rigon:
- Vai tomar no *!
Em seguida, entrou na igreja para cumprimentar alguns padres e aguardou o início da missa no lado de fora, dentro de uma caminhonete. Felipão deixou o templo no final da manhã e desdenhou de pessoas que pediam fotos ao lado dele como recordação.
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- Vão na missa - disparou antes de atender, a contragosto, algumas famílias.
A conduta de Felipão pode não surpreender quem acompanha sua carreira de perto. Parte do sucesso obtido dentro de campo inclusive é atribuído ao caráter militar, exigente e ocasionalmente imprevisto do gringo. Fora dos estádios e vestiários, porém, ele lida com gente que espera algum tipo de atenção paternal. Como líder de outros ídolos, representa expectativas acalentadas por nove em cada 10 brasileiros.
Supõe-se que Felipão foi a Caravaggio buscar privacidade, algo notoriamente impossível em qualquer manhã de domingo no santuário. E devolveu essa frustração para a plateia.
Para a colunista de Zero Hora e autora de livros sobre etiqueta e boa conduta, Celia Ribeiro, o técnico deveria estar em um momento de alta tensão e buscava a interiorização. No entanto, para ela, isso não seria razão para o destempero.
- Não tem desculpa, porque ele é um homem público, ele é um ídolo. Deixou um exemplo horroroso para os jogadores da seleção. Ele é um modelo, tem que se lembrar disso. Não tem desculpa ele ter dito um palavrão. Ele poderia ter falado "olha, estou num momento de total concentração, por favor respeitem isso, vamos falar numa outra hora" - avaliou Celia.
Celia tem uma visão bem-humorada sobre o mau humor do técnico:
- Ele deixou a santa muito mal naquele momento, porque ela não o protegeu. Ela devia ter o protegido da falta de controle e da falta de educação - brincou.
O colunista e jornalista esportivo Juca Kfouri compartilha da opinião de Celia. Ele lembra que o técnico construiu boa parte da imagem como se fosse um homem durão e ao mesmo tempo paizão.
- Entendo que ele queria privacidade, era uma hora de fé, hora de estar consigo mesmo. Mas ele é assim. Vejo a imagem dele junto às crianças como positiva, até porque ele ganhou a Copa do Mundo de 2002 - observa Kfouri.
Especialista em treinamentos de profissionais na área comportamental, de comunicação e imagem, a relações públicas Endinara Siqueira entende que o carisma do ídolo não justifica exageros. É preciso ficar atento: se uma pessoa é pública, as atitudes tendem a ser copiadas por outros.
- Se o Felipão pode agir assim e chegou onde está, muitos pensam que podem fazer o mesmo. É o preço da fama - pondera Endinara.
Destempero
Especialistas avaliam comportamento de Felipão em Caravaggio
Técnico falou palavrão para fotógrafo e desdenhou de pessoas que pediam fotos ao lado dele
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