Iniciada no dia 12 de maio, a Campanha do Agasalho de Caxias do Sul arrecadou até quinta-feira 65.110 peças de roupa. Destas, 49.740 já foram distribuídas.
Mas no montante de sacolas levadas para o galpão que concentra as doações, há materiais que em nada ajudarão as famílias pobres da cidade.
O Pioneiro acompanhou na quarta e na quinta-feira o trabalho de triagem das peças que são entregues nos cerca de 500 postos espalhados pelo município.
No galpão, voluntárias e estagiárias da Universidade de Caxias do Sul (UCS) se empenham para separar roupas de adultos, crianças e calçados. E também refugar aquilo que não é usável. Três caixas com trapos já foram preenchidas no galpão.
Somente na quinta-feira, em três horas, 78 peças tinham sido refugadas de uma leva de sacolas coletadas em ônibus.
O montante de roupas aproveitáveis é bem superior ao de refugo. Há artigos bem mais que aproveitáveis: casacos praticamente novos, pijamas de crianças caprichosamente dobrados e cheirando a amaciante, calças com etiqueta de loja.
Mas em outras casos, a situação choca: camisetas infantis sujas de comida, peças manchadas com algo que lembra sangue, cueca amarelada, calça com rasgões nos fundilhos, puída pelo tempo.
Sem falar nas roupas de verão, que embora aceitas, não estão no foco da campanha.
Havia também 160 calçados sem seus pares. Isso ocorre porque o par não é amarrado ao outro pelo doador. E na movimentação de sacolas, acabam se perdendo.
Outra hipótese: o doador extraviou um par e decidiu se livrar do outro. Como não há uma legião de sacis na cidade, a doação pode ficar inviabilizada.
Objetos que nada têm a ver com o foco da campanha também são doados: as voluntárias já localizaram uma dentadura, botas ortopédicas, brincos, esmalte vencido e pão velho em meio às roupas.
Nos anos 2000, a situação era pior. Atualmente, as roupas rasgadas, por exemplo, são transformadas por entidades, conforme Paulo Poletto, coordenador da campanha promovida pela Fundação Caxias.
- Já chegou a 10% a quantidade de peças não aproveitada. Hoje esse número não atinge 0,1%. É pouquíssima coisa que vai fora. Roupa rasgada, a gente não bota fora. Os clubes de mães recompõem as peças. Com os retalhos, fazem cobertores e roupas mesmo - diz Poletto.
COMO AJUDAR
Faltou solidariedade
População ainda doa roupas rasgadas e sujas para a Campanha do Agasalho de Caxias do Sul
Apesar de ser em menor número, artigos que não são usáveis podem ser vistos no galpão onde é feita triagem das roupas
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