Após registrar desempenho negativo em maio, diante dos impactos da tragédia climática que atingiu o Estado, a economia de Caxias do Sul mostra sinais de recuperação. Em junho, houve avanço de 3,6% na comparação com o mês anterior — todos os setores registraram crescimento. No acumulado do ano, a alta é de 7,5%. Já na comparação do mês passado com o mesmo mês de 2023, o crescimento é de 1,6%. Os dados foram divulgados na manhã desta quinta-feira (8) pela Câmara de Indústria, Comércio e Serviços (CIC) e Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), ambas de Caxias do Sul.
O setor de serviços que abrange, por exemplo, atividades como alimentação, turismo, transporte e comunicação, foi o que mais avançou, segundo o levantamento. O crescimento foi de 4,3% em relação a maio. A indústria ficou em segundo lugar na retomada, com 3,8% e o comércio, por último, com 1,8%.
Apesar de tímido, o crescimento no comércio é comemorado pelos especialistas da área. No ano, apenas em março e em junho o setor encerrou o mês no positivo. Janeiro, fevereiro, abril e maio tiveram recuo. A pior performance foi no quinto mês do ano: com menos 5,5%.
Para o assessor de Economia e Estatística da CDL de Caxias do Sul, professor Mosár Leandro Ness, a retomada no varejo está atrelada às compras para o Dia dos Namorados e também à chegada do frio intenso, que impulsiona a venda de itens com maior valor agregado, como casacos de lã, cobertores e fogões a lenha, por exemplo.
— Maio foi um mês com uma taxa muito baixa, muito deprimida, de menos 5,5%. Então, qualquer movimento em junho já daria uma expansão boa — avalia Ness.
Quem percebeu um aumento na movimentação a partir das baixas temperaturas foi o gerente da loja Casa & Cia, do Centro, Jonas Pellin. Ele conta que o frio estimulou os clientes a investirem, principalmente, em itens como mantinhas de soft, cobertores e edredons mais pesados. Por outro lado, lamenta os períodos gelados não se estenderem por mais semanas consecutivas:
— O pessoal buscou bastante, seja por renovação ou para doações. Chegamos ao final do mês com um pequeno crescimento. O que é ruim são as oscilações de clima, com dias de calor e outros de frio. Isso deixa o gráfico (de vendas) com altos e baixos — explica o gerente.
Para alavancar ainda mais as vendas e melhorar o desempenho em agosto, Pellin acrescenta que a loja já iniciou, na semana passada, uma liquidação de itens de inverno. A promoção oferta descontos de até 60% para compras à vista e parceladas. E justo agora que chega uma nova massa de ar polar na Serra, onde as temperaturas devem despencar nos próximos dias.
Acumulado de 7,5% no semestre
Em comparação com o mesmo período do ano passado, a economia caxiense cresceu 7,5% no primeiro semestre de 2024. O setor de serviços liderou o crescimento com um aumento de 16,4%, seguido pela indústria com 4,3% e o comércio com 1,7%.
Em relação às expectativas para o segundo semestre do ano, o diretor de Planejamento, Economia e Estatística da CIC, Tarciano Mélo Cardoso, observa que é preciso estar atento às eleições municipais, ao pleito para a presidência dos Estados Unidos, bem como para os reflexos do fenômeno La Niña, previsto para ocorrer na primavera.
Ele também cita a alta nos juros no Exterior como ponto de atenção para o desenvolvimento da indústria de Caxias do Sul nos próximos meses.
— É um elemento mundial, que acaba afetando muitos negócios, principalmente em âmbito de investimento no capital fixo e no setor real da economia. Esse tem sido um dos grandes blindadores da fonte de recurso e de investimento aqui — sinaliza Melo.
Comércio internacional
Em junho, o saldo da balança comercial caiu -42,3% em relação a maio, -72% em relação ao mesmo período do ano anterior e -36,5% no acumulado de 12 meses.
Critérios para o cálculo do desempenho econômico
O cálculo que mostra o desempenho da economia de Caxias do Sul é composto por diversos setores, agrupados em três grandes grupos: indústria, comércio e serviços. A participação de cada grupo na economia é considerada desta forma: indústria (53,4%), comércio (17%) e serviços (29,6%).
Para avaliar o desempenho econômico, são considerados os seguintes indicadores: indústria (IDI - Índice de Desempenho Industrial); comércio (Termômetro de Vendas da CDL); serviços (ISSQN - Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza), até dezembro 2022; e Receita Bruta (NFSe), a partir de janeiro de 2023.